A demanda por ações da oferta pública (IPO) da Bolsa de Mercadorias&Futuros já atingiu entre R$ 17 bilhões e R$ 21 bilhões, ou seja, de quatro a cinco vezes o valor da oferta original (R$ 4,29 bilhões), segundo estimativas do mercado. Por causa da forte procura, a BM&F anunciou na noite desta sexta a elevação do intervalo de preço por ação, que passou de R$ 14,50 a R$ 16,50 para R$ 18 a R$ 20. Com isso, a venda pode atingir R$ 5,2 bilhões. Por causa da mudança, a bolsa também deu prazo até as 18 horas de quarta-feira para que as pessoas físicas que já fizeram reservas alterem sua proposta ou desistam da operação. O prazo para a reserva do papel não foi alterado e termina nesta terça. Dificilmente, porém, pessoas físicas que não têm cadastro em corretora conseguirão efetuar a operação. Em várias instituições, as reservas de novos investidores foram interrompidas ontem ao meio-dia. Operadores explicam que o problema para aceitar reservas por novos investidores é a confecção do cadastro. "A média diária de novos cadastros aumentou 150% na semana passada", disse um deles. Segundo profissionais do mercado, não há pessoal suficiente nas corretoras para checar o preenchimento de novos cadastros. O papel poderá ter preço fora do novo intervalo fixado, porque o valor que prevalecerá será a média da oferta feita por investidores institucionais. A ação da BM&F estreará na Bovespa sexta-feira. Os novos investidores, segundo operadores, dividem-se em dois grupos. Em um, estão os que não compraram ações no IPO da Bovespa e, acreditando que a BM&F vai ter o mesmo sucesso, não querem agora ficar de fora do negócio. A ação da Bovespa subiu 52,13% no primeiro dia de pregão. No outro, estão os "terceiros" - cônjuges, filhos, parentes e amigos de investidores -, que emprestam nome e CPF para a aplicação. A estratégia de investidores que recorreram a terceiros é garantir a aplicação do maior valor possível, porque há o receio de que o excesso de demanda leve a uma redução da aplicação por investidor para menos de R$ 10 mil - as pessoas físicas podem reservar entre R$ 5 mil e R$ 300 mil. Na Bovespa, o corte reduziu o investimento máximo a R$ 12.098. Terceiros estariam também fazendo aplicações pelos investidores não prioritários, ou seja, que participaram de dois ou mais dos quatro IPOs que estão sendo considerados (Bovespa Holding, Amil, Helbor e Laep Investments) e venderam mais de 20% dos papéis adquiridos no primeiro pregão. Esses investidores não prioritários foram excluídos na distribuição de ações da Bovespa e estariam recorrendo agora a "terceiros" para evitar nova exclusão. Segundo analistas, é impossível barrar ou detectar esse tipo de atuação. A Comissão de Valores Mobiliários diz que, para agir contra investidores de má-fé, teria de receber uma denúncia, o que não ocorreu.