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Demissão de Castello Branco foi por 'satisfação política' de Bolsonaro a caminhoneiros, diz Guedes

Em entrevista, ministro da Economia reconheceu que a saída do presidente da Petrobrás teve impactos econômicos ruins, mas disse que decisão foi 'compreensível do ponto de vista político'

Por Anne Warth e Idiana Tomazelli
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a demissão de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobrás foi a "satisfação política" que Jair Bolsonaro deu aos caminhoneiros, grupo de apoiadores fiéis do presidente. Ele reconheceu que a decisão teve impactos econômicos ruins e disse ter deixado clara sua posição em conversas com o presidente.

"É compreensível do ponto de vista político. Do ponto de vista econômico o efeito foi ruim, essa foi a nossa conversa interna. O presidente sabe o que eu penso, eu sei o que o presidente pensa", afirmou, em entrevista ao programa Pingos Nos Is, da Jovem Pan.

Roberto Castello Branco foi indicado ao comando da Petrobrás pelo próprio ministro. Foto: Marcos de Paula/Estadão

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Ele relembrou uma declaração de Castello Branco, que disse, após críticas ao aumento do preço do diesel, que uma eventual greve de caminhoneiros não era problema da Petrobrás. "Para o público caminhoneiro, que são eleitores típicos, fiéis do presidente Bolsonaro, o presidente deu uma satisfação: tirei o cara que disse que não liga para vocês e tirei todos os impostos."

Roberto Castello Branco foi indicado ao comando da Petrobrás pelo próprio ministro. Guedes, no entanto, tentou diminuir a importância da saída do executivo, demitido por Bolsonaro pelas redes sociais no dia 19.

Guedes disse que o mandato do executivo está vencido e reafirmou que o presidente da República tem direito de encaminhar outro nome para a estatal. “Indiquei Castello Branco, acho um excelente economista, mas o mandato dele está expirando”, disse.

O ministro disse, porém, que Bolsonaro não pode ser acusado de controlar os preços dos combustíveis, já que um novo reajuste foi anunciado ontem pela Petrobrás.

Ele minimizou ainda as interpretações de que Bolsonaro interveio nas estatais. Guedes disse que a Petrobrás foi “assaltada” por dez anos à luz do dia e que mesmo assim cumpria os critérios de governança.“Vai haver interferência nas estatais? Vamos ver, vamos observar”, relativizou.

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Ainda sobre os combustíveis, Guedes disse que o governo leva a culpa quando os preços aumentam pelo fato de a Petrobrás ter atuado como monopolista por muitos anos. "Esse é o preço político. O governo puxou para si a bomba de controlar o preço, o povo acha que o governo que manda, é a Petrobrás. Isso é um problema político sério", afirmou.

Ele disse que o Brasil vive o pior dos mundos e conta com um excesso de caminhoneiros em um momento de aumento do preço do petróleo no exterior.

Para Guedes, estatais que possuem ações em Bolsa são uma “farsa” e uma “anomalia”. Na avaliação dele, elas não são “nem tatu nem cobra” e é impossível para a companhia agradar ao governo, com suas preocupações sociais, e ao mercado, que quer maximizar o lucro. O governo tem diversas estatais com ações listadas em Bolsa, como a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Eletrobrás.

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Guedes disse ter uma visão sobre as estatais que difere da do presidente Jair Bolsonaro. Em sua avaliação, “estatal boa é estatal a que foi privatizada, como a Vale”. Ele reafirmou, porém, que Bolsonaro tem a palavra final sobre a desestatização, e que Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa não serão vendidas agora. “Minha visão sobre estatais é conhecida, mas tenho que respeitar o presidente da República”, afirmou.

O ministro disse ainda estar preocupado com a situação da Eletrobrás, que não tem investimentos suficientes para investir e perde ano a ano participação no setor elétrico, e que está focado em privatizar a estatal de energia, os Correios e todas as outras empresas que forem possíveis.

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