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?Democracia é bem vista, desde que eleja candidato do mercado?, diz Soros

Por Agencia Estado
Atualização:

O mega-investidor George Soros não quis comentar a realização de um segundo turno das eleições brasileiras, mas disse que a crise no Brasil deixou claro um defeito do sistema capitalista. "A democracia é boa, desde que seja eleito o candidato dos mercados financeiros. Isso não é aceitável", afirmou. Soros participou de uma palestra na London School of Economics dirigida a cerca de 400 alunos, e traçou um cenário muito pessimista para o Brasil Ele disse que questionou recentemente o secretário de Tesouro norte-americano, Paul O´Neill, sobre a situação brasileira. "Ele (O´Neill) não me deu uma resposta muito clara mas disse que, se o mercado não quer emprestar para o Brasil, o País terá de reorganizar sua dívida". Soros afirmou ainda que a primeira ação do novo presidente brasileiro deveria ser a de enviar uma missão a Washington para manter contatos com o FMI e verificar se consegue captar empréstimos pagando prêmio de risco mais baixo, de até 10%. "Se isso não for possível, o Brasil deveria começar a deixar de pagar a sua dívida de uma forma gradual". O investidor disse também que, por enquanto, não vê na atitude dos países ricos disposição de resolver os novos desafios apresentados pela globalização, inclusive a crise no Brasil. "O Brasil tem mais de 50% de chances de ser forçado a reorganizar a sua dívida", disse. Soros considera essa possibilidade "altamente provável", salientando que atualmente o C-bond, o título mais negociado da dívida brasileira, está pagando um prêmio de risco de 25% ao ano "o que significa que o País é visto como insolvente". Segundo ele, o Brasil somente tem condições de pagar um prêmio de risco de até 10% desde que tenha crescimento do PIB de 3% ao ano. "Somente um milagre fará com que o prêmio de risco cobrado pelos mercados caia para 10%. Eu não acredito nesse milagre", disse Soros. "Se o Brasil for obrigado a reorganizar sua dívida irá adotar controle de capitais", afirmou o investidor. Ele disse ainda que o Brasil pode até ter crescimento econômico mas um controle de capitais teria efeito contágio no mercado financeiro internacional. "Para a América Latina seria desastroso, inclusive, para o México. Outros países do mundo também seriam afetados", destacou.

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