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Demosthenes aposta em queda do dólar após eleição

Por Agencia Estado
Atualização:

O estrategista-chefe do Unibanco Asset Management e ex-diretor do Banco Central, Demosthenes Madureira de Pinho Neto, acredita que o dólar recuará assim que for definido o novo presidente da República, independentemente do nome do vitorioso. Segundo ele, a taxa de câmbio está muito longe do preço de equilíbrio, que deveria estar em torno de R$ 2,60 e R$ 2,70. Potencialmente otimista em relação ao futuro, ele não acredita que haverá descontinuidade da política econômica no próximo governo, seja quem for o eleito, porque "os candidatos são responsáveis" e porque não há espaço para mudanças bruscas. Até a eleição, Demosthenes não aposta em uma desvalorização ainda mais expressiva do real. "Há uma semana, eu não apostaria em R$ 3,80. É uma taxa que está precificando um cenário ruim que não vai se materializar", afirmou. Em seguida, admitiu que os economistas têm tido muitas dificuldades em prever o comportamento da taxa de câmbio no regime de livre flutuação. "Qualquer que seja o cenário daqui para a frente, quanto mais cedo for definido, é melhor para o mercado", respondeu o estrategista-chefe do UAM, ao ser indagado sobre o que seria melhor para o mercado neste momento, Lula no 1º turno ou 2º turno com Serra. Segundo ele, a definição poderia vir antes, com compromissos que acalmem os agentes. "A incerteza e a falta de definição é o que deixa o mercado nervoso." Demosthenes disse não temer potenciais dificuldades do PT para montar sua equipe econômica. De acordo com ele, "qualquer partido tem condições de ter quadros para funções importantes", ponderando que o governo Lula poderá contar com nomes que não são necessariamente de filiados. "Não precisam ficar restritos", afirmou. Embora tenha dito que a atual taxa de câmbio está longe do ponto de equilíbrio, Demosthenes não atribui essa disparada a movimentos especulativos. O que ocorre, segundo ele, é um comportamento defensivo do mercado diante de uma redução drástica de liquidez em função da incerteza em relação ao futuro. "Como não existe especulação, não existe nada de mágico que o Banco Central possa fazer neste momento para acalmar esta situação", disse, acrescentando que o BC tem agido de forma equilibrada e correta porque "ninguém sabe o que vai acontecer". Ouça o áudio da entrevista de Demosthenes Madureira de Pinho Neto no AE Financeiro, da Agência Estado, que opera em caráter experimental.

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