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Depois de reforma, sindicatos perdem 1,55 milhão de filiados

Pesquisa do IBGE mostra que taxa de sindicalização recua para 12,5% do universo de trabalhadores ocupados, a menor da história

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

No ano seguinte à aprovação da reforma trabalhista e do fim da contribuição sindical obrigatória, 1,552 milhão de trabalhadores deixaram de ser sindicalizados em todo o País. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua): Características adicionais do mercado de trabalho, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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“O ano de 2018 é o primeiro ano da série sem a obrigação da contribuição sindical obrigatória. Pode ser sim esse fator contribuindo, até porque chama atenção a queda na sindicalização na ocupação com carteira assinada”, afirmou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Entre os trabalhadores com carteira de trabalho assinada no setor privado, a taxa de sindicalização recuou de 19,1% em 2017 para 16,0% em 2018. Isso é o equivalente a 1,093 milhão de pessoas a menos filiadas a sindicatos.

“A gente tem é uma redução de sindicatos. Eles estão é se fundindo para tentar sobreviver, mas não necessariamente reduzindo filiados”, ponderou Adriana.

Se considerado todo o universo de trabalhadores ocupados em todo o Brasil, apenas 11,518 milhões deles eram associados a sindicato em 2018. O resultado representa uma redução de 11,9% no contingente de sindicalizados em relação a 2017. A taxa de sindicalização alcançou 12,5% dos 92,333 milhões de ocupados em 2018. Foi o menor patamar da série histórica iniciada em 2012.

Segundo Adriana Beringuy, a expansão no número de trabalhadores atuando na informalidade provavelmente também contribuiu para a acentuada queda da sindicalização.

Retração

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“É esse cenário que a gente está trabalhando, de retração de carteira assinada e crescimento do trabalho sem carteira e do trabalho por conta própria. Ano a ano a gente vinha perdendo sindicalização, só que em 2018 essa queda foi mais acentuada”, ressaltou Adriana.

A analista destacou o peso dos trabalhadores de aplicativo nas mudanças.

“Se antes tinha cooperativas de taxistas ou motoristas ligados a uma classe de transportadoras, hoje tenho motorista de aplicativo, que é fundamentalmente trabalhador por conta própria. E tem também a logística de entrega, entregadores de bicicleta e de moto, que também são trabalhadores que não têm tradição de filiação a sindicato”, exemplificou.

Em cinco anos consecutivos de reduções, os sindicatos já perderam 3,098 milhões de trabalhadores sindicalizados. Em 2018, as Regiões Norte (10,1%), Centro-Oeste (10,3%) e Sudeste (12,0%) apresentaram as proporções mais baixas de trabalhadores sindicalizados, enquanto as mais elevadas foram as das Regiões Sul (13,9%) e Nordeste (14,1%).

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A maior taxa de sindicalização em 2018 foi a dos trabalhadores do setor público (25,7%). Os trabalhares sem carteira no setor privado apresentaram uma das menores estimativas de sindicalização (4,5%). Já os trabalhadores por conta própria tiveram taxa de sindicalização de 7,6%.

Em relação ao nível de instrução dos trabalhadores, quanto maior a escolaridade, maior a taxa de sindicalização: 8,1% dos trabalhadores com ensino fundamental completo e médio incompleto eram sindicalizados, mas esse porcentual subia a 20,3% entre os ocupados com nível superior completo.

Entre as atividades econômicas, a Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura tinha uma das mais elevadas taxas de sindicalização (19,1%), atrás apenas da Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (22,0%).

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Sindicatos de trabalhadores e de patrões tiveram os recursos drenados pelo fim da obrigatoriedade da contribuição sindical Foto: Gleidson Santos/Estadão
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