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Deputados pedem saída de Eduardo Bolsonaro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara

Pedido vem após deputado federal acusar a China de usar a sua tecnologia 5G para espionar outras nações; parlamentares dizem que fala não corresponde ao pensamento da comissão

Por Camila Turtelli
Atualização:

BRASÍLIA - Um grupo de parlamentares pede a destituição de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) da presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. O movimento acontece depois do último embate entre o filho do presidente da República Jair Bolsonaro e a China

Em publicação feita na noite de segunda-feira, 23, - e apagada no dia seguinte - Eduardo destacava a adesão do Brasil ao programa Clean Network, descrito pelo deputado como uma "aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China". 

Pensamento que Eduardo expressa não corresponde ao da comissão, disse o deputado Daniel Almeida. Foto: Nilson Bastian/Agência Cãmara

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Na terça-feira, 24, a Embaixada da China em Brasília reagiu à acusação de espionagem e acionou o Itamaraty para reclamar de uma publicação. Em comunicado divulgado pelas redes sociais da Embaixada, Pequim afirma que, se não houver um ajuste de retórica, as autoridades brasileiras "vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil".

"O deputado Eduardo Bolsonaro vive cometendo desatinos e envergonhando o Parlamento perante parceiros históricos do Brasil, como a China. Não tem cabimento uma postura desse tipo vinda de um parlamentar que se diz presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara”, disse o vice-presidente do Cidadania, deputado Rubens Bueno.

O pedido tem apoio do presidente do grupo parlamentar Amizade Brasil-China, Daniel Almeida (PCdoB-BA). “Estamos fazendo um requerimento argumentando que o pensamento que ele [Eduardo] expressa não corresponde ao da comissão e nem ao da Câmara, portanto, ele está em desacordo com a função”, disse Almeida.

A comissão analisa e dá encaminhamento aos projetos relativos a relação do Brasil com demais países que passam pela Câmara. Eduardo foi escolhido no início de 2019 para o mandato de um ano no comando do colegiado. Mas, as comissões não funcionaram em 2020, em consequência da pandemia, o que deu espaço a uma brecha no Regimento da Câmara, que apesar de vetar a reeleição de presidentes de comissões, permite que eles continuem no cargo até que a nova direção seja eleita.

Com isso, Eduardo continua como o presidente e com direto, por exemplo, a cinco cargos comissionados relativos à estrutura da Comissão de Relações Exteriores. 

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