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Derrotado, presidente do ABN renuncia

Executivo demonstrou preferência pela proposta do Barclays, recusada pela maioria dos acionistas

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Por Redação
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O presidente do banco holandês ABN Amro, Rijkman Groenink, anunciou ontem a sua renúncia ao cargo, no mesmo dia em que o consórcio formado pelo Santander, o Royal Bank of Scotland (RBS) e o belgo-holandês Fortis confirmou a oferta de 71,1 bilhões pela instituição. Groenink defendeu a compra do ABN pelo britânico Barclays, que não teve o apoio da maioria dos acionistas e acabou retirando a oferta, substancialmente inferior à do consórcio. Por isso, o ABN (que no Brasil é dono do Banco Real) terá de pagar ao Barclays uma indenização de 200 milhões, já que as duas entidades tinham assinado um acordo em abril. Segundo um comunicado do ABN, a renúncia de Groenink foi decidida ''''em estreita coordenação'''' com o conselho de supervisores do banco. Groenink lembrou que, com a sua aposta na fusão com o Barclays, tentou dar ''''um passo à frente na estratégia a longo prazo''''. Após os acionistas terem optado pela oferta do Santander, Fortis e RBS, é conveniente ''''abrir caminho para um sucessor que tenha vontade e capacidade para levar adiante os planos do consórcio'''', disse o executivo. ''''Com essa decisão, dou adeus a muitos colegas maravilhosos e amigos com os quais tive o privilégio de trabalhar durante esses 33 anos.'''' Groenink também dirigiu palavras aos funcionários e clientes, aos quais desejou ''''o melhor para o futuro''''. Ele deixará o cargo na próxima assembléia de acionistas do ABN, que será realizada ''''o mais rápido possível''''. O presidente do conselho de supervisores do ABN, Arthur Martínez, disse que, durante a presidência de Groenink, a entidade se tornou ''''um grupo bancário bem integrado, com objetivos claros''''. Ele reconheceu principalmente o trabalho de Groenink durante o último ano, quando, apesar das ''''intensas pressões'''', administrou o processo em torno das duas ofertas públicas de aquisição concorrentes de maneira responsável. Rijkman Groenink começou a trabalhar no ABN Amro em 1974 e, após ocupar vários postos nas divisões holandesa e internacional, foi para a diretoria, em 1988. Na década de 1990, participou da gestão do negócio de bancos de investimento e dirigiu a unidade de negócios na Holanda até 2000, quando foi nomeado presidente. INCONDICIONAL O consórcio dos três bancos divulgou nota informando que a sua oferta de 71,1 bilhões - a maior da história no setor bancário - pelo ABN Amro é, agora, incondicional. O grupo informou também que o pagamento por cada ação do ABN será liquidado no dia 17 de outubro. Cerca de 86% dos acionistas da ABN Amro aceitaram a oferta e os demais têm prazo até 31 de outubro para fazer a troca de suas ações. A atenção dos acionistas se desviará agora para o processo de integração, sem precedentes, e para preocupações sobre se os três bancos vão poder arcar com o preço excessivamente alto para alcançar o objetivo. O presidente-executivo do Barclays, John Varley, disse, na semana passada, que o consórcio fez uma oferta alta num momento em que o valor do ABN havia sido prejudicado pela turbulência dos mercados.

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