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Desaceleração e pessimismo derrubam confiança da indústria

Segundo coordenador da FGV, setores de bens duráveis e de investimentos são os que mais sofrem com a crise

Por Giuliana Vallone
Atualização:

A mistura entre a perspectiva de uma desaceleração no ritmo de atividade da indústria no 4º trimestre, principalmente nos setores de bens duráveis e investimentos, e a diminuição do otimismo dos empresários em relação ao futuro puxaram a confiança da indústria para o menor nível em cinco anos - segundo dados da Fundação Getúlio Vargas. A avaliação é do coordenador de sondagens conjunturais da FGV, Aloísio Campelo.   Veja também: Confiança da indústria cai para o menor nível em cinco anos Entenda o fator previdenciário e o que pode mudar De olho nos sintomas da crise econômica  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Dicionário da crise     Ele explicou que a escassez internacional de capital registrada em outubro fez com que os recursos não conseguissem fluir no mercado, afetando principalmente os contratos de exportação mas também as compras a prazo, como vendas de veículos. "A pessoa queria comprar mas havia pouca disponibilidade de recursos", afirmou.   Segundo Campelo, a indústria automobilística foi uma das mais afetadas porque não conseguiu ajustar rapidamente sua produção ao novo nível de demanda. "Ela tinha uma quantidade de pessoas trabalhando, produzindo automóveis, e a crise pegou o setor de surpresa, fazendo com que ele ficasse com um volume de estoque maior do que o imaginado." Os bens duráveis como um todo tiveram problemas com estoques, já que precisam de financiamento, de recursos, para serem comercializados.   Os bens de investimento - ou bens de capital - também foram afetados, principalmente pela queda na confiança do setor. Em um ambiente em que há mais incertezas, ficou claro, de acordo com o economista, que havia um processo de desaceleração produtiva. "E uma das coisas que a indústria podia cortar rapidamente era a expansão de suas próprias fábricas, ou seja, a demanda por novas máquinas, equipamentos", explicou. Além disso, os setores de metalurgia e celulose também tiveram problemas.   Por outro lado, setores de bens de consumo não-duráveis, como alimentos, remédios, e até mesmo vestuário, conseguiram manter um padrão relativamente parecido com o dos meses anteriores. Isso porque, segundo Campelo, a renda do brasileiro ainda continua alta e esses são os últimos gastos a serem cortados. Além disso, a indústria de material de construção também não mostrou grandes alterações em função da crise. "A indústria já tinha contratados novos imóveis, então demora um pouco para uma nova situação causar um impacto neste segmento", disse.   São esses setores, junto com os gastos em serviços e lazer, que, de acordo com o economista, mantêm uma certa robustez na indústria brasileira, garantindo ainda um certo nível de atividade no País.   Perspectiva   A perspectiva para os próximos meses, porém, é de uma melhoria nas vendas de bens duráveis, após as medidas do Banco Central para injetar liquidez no mercado. A velocidade desse retorno, porém, vai depender também da confiança do consumidor. "Se ele está muito preocupado em segurar dinheiro, porque está com medo de perder o emprego nos próximos meses, ele não vai comprar na mesma velocidade, mesmo com as mesmas condições de liquidez de antes", disse Campelo. "Mesmo assim é esperada uma melhora, porque o mercado ficou parado em outubro."   Para 2009, a expectativa é de um crescimento entre 2,5% e 3,5%. "A economia tem força, tem robustez. O governo tem ferramentas e está em boas condições para fazer com que o País retome um caminho de crescimento, principalmente a partir do 2º semestre do ano que vem", afirmou.

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