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Desafio de presidente da Perdigão é repetir o êxito

Discreto, Nildemar Secches tirou a empresa do fundo do poço e a levou ao topo

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara , Paulo Justus e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Discreto, equilibrado e afável, o engenheiro mecânico Nildemar Secches tirou a Perdigão do fundo poço e a levou ao topo. Em 1995, quando assumiu a presidência executiva da empresa, ele, egresso do setor financeiro, desconhecia o agronegócio. A expectativa dos executivos da empresa na época era de que ele desmontasse a equipe.

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Mas, para surpresa de todos, Secches trouxe apenas um novo executivo. Rapidamente, ele tomou pé da situação e aprendeu as peculiaridades da produção da cadeia de alimentos. "Visitou todas as fábricas e, ao final, já discutia com propriedade a operação do negócio", conta um interlocutor próximo.

Sob sua gestão, a Perdigão recuperou a credibilidade, diz a fonte. Em pouco tempo, Secches fez uma faxina na casa e acabou com vícios de uma companhia de origem familiar. Os funcionários com relação direta de parentesco, por exemplo, foram demitidos.

Formado pela USP, pós-graduado em finanças pela PUC do Rio e com curso de doutorado em economia pela Unicamp, Secches chegou à Perdigão por vias estritamente profissionais. Trabalhou por 18 anos no BNDES, onde foi diretor.

De 1990 a 1994, Secches foi vice-presidente do Grupo Ioschpe-Maxion. O presidente do conselho da administração do Grupo, Ivoncy Ioschpe, diz que Secches deixou uma imagem de organização e competência. "As pessoas gostavam muito dele, tanto os subordinados quanto os colegas."

Quando saiu da Ioschpe-Maxion, o executivo passou por uma grande imersão na Perdigão. Sua missão era tirar a Perdigão do sufoco. Na época, a família Brandalise tinha acabado de vender o que havia sobrado da empresa para os fundos de pensão.

O estilo do novo presidente contrastou com a administração familiar anterior. Quem trabalhou próximo ao executivo conta que ele dá autonomia aos diretores e se mantém informado sobre tudo que ocorre na empresa. Com isso, ele tem condições de planejar no longo prazo. "Mesmo nos períodos de turbulência da economia, Nildemar trabalhava com planejamento para três anos", conta a fonte.

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A visão de longo prazo deixou um saldo expressivo para a empresa. Em 14 anos à frente da Perdigão, a companhia manteve um crescimento médio anual de 27% em receitas. O valor de mercado da empresa foi multiplicado por mais de 35 vezes.

Aos 60 anos, Secches deve usar a sua experiência para repetir a façanha da Perdigão, agora na copresidência do conselho de administração da Brasil Foods. "Hoje ele está mais preparado para isso", avalia uma fonte próxima.

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