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Desafio do ‘Ocupe Wall Street’ é se manter na mídia e suportar chuva e frio

Manifestantes acampados no Zucotti Park, em Liberty Square, enfrentam temperatura de 12ºC e há previsão de neve para sábado

Por Luciana Antonello Xavier e da Agência Estado
Atualização:

Dezenas de manifestantes do movimento "Ocupe Wall Street" seguem acampados na no Zucotti Park, em Liberty Square, perto de Wall Street, nesta quinta-feira, apesar da chuva e do frio de 12ºC registrados no final da manhã, conforme acompanhou a Agência Estado. Os ativistas, no entanto, não estavam segurando faixas de protestos: em sua maioria, buscavam se proteger do frio em barracas improvisadas com pedaços de lona.

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Aliás, esse será um dos grandes desafios do movimento iniciado com os primeiros protestos, no dia 17 de setembro: suportar a chuva e o frio do inverno que se aproxima. Até ontem, havia previsão de nevar em Nova York no próximo sábado. Os manifestantes têm sempre repetido que não existe uma data para o fim dos protestos ou para desocuparem a praça.

O movimento cresceu rapidamente graças às redes sociais Twitter e Facebook e hoje o "Ocupe" está em várias cidades dos Estados Unidos e em outros países. No entanto, nos últimos dias havia menos cobertura nos canais de TV e nos jornais sobre os protestos e aí está o outro grande desafio do "Ocupe Wall Street": manter-se na mídia. Eles já fizeram um tour pelas casas de bilionários de Nova York e marcharam pela Brooklyn Bridge. Centenas de manifestantes foram presos nas últimas cinco semanas.

Ontem à noite, os ativistas voltaram a aparecer em alguns jornais nova-iorquinos, canais de TV e sites, após entrarem em confronto com a polícia e ao menos 10 manifestantes serem presos. Eles fizeram uma marcha pela cidade, até a Union Square, em solidariedade aos ativistas de Oakland, na Califórnia, que foram expulsos do local que ocupavam pela polícia recentemente.

O movimento "Ocupe" não tem apenas uma bandeira, ainda que o alvo principal seja Wall Street e os bancos, mas reflete a insatisfação da população com a falta de emprego, os baixos impostos pagos pelos ricos nos EUA e as condições econômicas do país. Esses problemas, no entanto, não são hoje apenas dos americanos - encontraram eco facilmente em outros países, especialmente da zona do euro. O "Ocupe Wall Street" encontrou também como aliados os sindicatos, que estão aproveitando a onda para também ganhar força.

Outra característica do movimento é que não existe uma liderança clara. Sobre seu surgimento, sabe-se que as primeiras conversas nas redes sociais começaram durante o impasse sobre elevação do teto da dívida dos EUA, por volta de julho.

Esta manhã, dezenas de policiais continuavam nos arredores da praça e das bolsas de Nova York e um carro de polícia tem ficado 24 horas desde setembro vigiando o maior símbolo de Wall Street: a escultura do imponente touro indomável. O touro está cercado por uma barricada e já não é mais possível fazer o ritual para atrair sorte de passar as mãos em seus testículos. Segundo os jornais, a medida teria sido tomada pelo temor de que os manifestantes tentassem pintá-lo - já que pelo menos para a economia americana o touro não tem trazido tanta sorte assim. 

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