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Desafio é formar mão-de-obra para crescer, diz Meirelles

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast)
Atualização:

Um dos maiores desafios do País hoje é prover mão-de-obra para promover o crescimento sustentado, afirmou hoje o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, durante aula magna realizada para alunos de engenharia da Universidade do Mackenzie, em São Paulo. "Existe hoje grande demanda por profissionais qualificados", disse ele. Após explicar o funcionamento do regime de metas de inflação, o presidente do BC afirmou que, no mundo, a experiência mostra que inflação baixa e sob controle é condição básica para o crescimento: "Não há trade-off (descompasso) de curto prazo entre desemprego e inflação." Ele citou que o BC mira o centro da meta de inflação, de 4,5%, mas ponderou que choques externos em algum momento podem desviar essa taxa para cima ou para baixo. Meirelles lembrou a hiperinflação do passado, quando algumas pessoas tinham, inclusive, licença do trabalho para realizar compras no dia do pagamento do salário. "Resumindo: inflação alta é um desastre." Inflação Meirelles disse que a análise da inflação atualmente é mais difícil porque ela contém fatores domésticos e internacionais. "Há dois fenômenos acontecendo hoje: a economia brasileira está muito aquecida, com a demanda doméstica muito aquecida, e há uma alta muito grande dos preços da commodities (matérias-primas)", afirmou. "Mas felizmente o governo brasileiro está tomando as medidas adequadas". Segundo ele, o Brasil vive hoje um momento favorável, pois a economia está estabilizada, não apenas com a inflação controlada, mas também porque a parte fiscal está apresentando resultados melhores. "Com as medidas tomadas, já estamos vendo sinais de que, de fato, a inflação está convergindo para a meta", afirmou sem explicitar quais seriam assas sinalizações. Meirelles ressaltou que o consumo das famílias tem crescido de forma mais estável do que no passado, ainda que esteja num patamar elevado. O presidente do BC lembrou que na segunda metade dos anos 90 o Brasil chegou a registrar encolhimento do número de vagas de postos de trabalho, mas que recentemente a criação de empregos no País aproxima-se dos 2 milhões. "A massa salarial real está crescendo acima da inflação. Isso significa que a população está ganhando mais", disse, atribuindo a este comportamento o aumento das vendas do varejo da ordem de 10% ao ano, em termos reais, nos últimos anos. Meirelles mencionou ainda que a produção industrial do País passou a crescer de forma importante a partir de 2003, e que todos esses fatores juntos aumentam o nível de empregabilidade brasileira. Meirelles ressaltou ainda a expansão, num ritmo elevado, da produção de bens de capitais. Isso, segundo ele, demonstra que os empresários acreditam na continuidade do crescimento do País. "Além disso, o investimento está crescendo mais que o PIB, o que significa que o Brasil está investindo em seu futuro", avaliou. O presidente do BC citou ainda a melhora na distribuição de renda, com uma forte migração da população para a classe média, e enfatizou que a política de acúmulo e reservas internacionais tornou o País menos vulnerável externamente e credor líquido. "O Brasil está tendo a possibilidade de experimentar algo que boa parte do mundo já tinha experimentado antes", afirmou.

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