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Desconfiados, empresários do Brasil e da Argentina tentam acordo

Por Agencia Estado
Atualização:

No meio de um clima de elevada desconfiança mútua, empresários do setor de eletrodomésticos do Brasil e da Argentina começaram nesta quarta-feira a tentar encontrar uma solução para o conflito comercial que confronta os dois maiores sócios do Mercosul. Os dois lados ainda não tiveram um encontro tête-a-tête, já que permaneceram em reuniões separadas - a poucos metros de distância dentro da própria Embaixada do Brasil - elaborando suas propostas para a reunião desta quinta-feira. Deste encontro participarão representantes de ambos governos. Do lado brasileiro estará o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento e Indústria, Márcio Fortes, junto com o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho. Do lado argentino estará o secretário de Indústria, Alberto Dumont. Segundo a assessoria de imprensa da Embaixada do Brasil, a negociação "é complexa". No entanto, informou que os empresários dos dois países expressaram sua "grande disposição" em chegar "a algum acordo". A "Guerra das Geladeiras" - como está sendo chamado este conflito comercial - explodiu na semana passada, quando o governo do presidente Néstor Kirchner anunciou medidas de restrição para a entrada de eletrodomésticos de linha branca do Brasil e televisores. Os empresários argentinos argumentam que ocorre uma "invasão" de produtos Made in Brazil que está "depredando" as indústrias locais. Por isso, exigem que o governo Kirchner extraia do governo Lula o compromisso do estabelecimento de cotas para a entrada de produtos brasileiros. Guillermo Feldman, sub-secretário de Política e Gestão Comercial da Argentina, afirmou que os empresários brasileiros e argentinos estão "tentando encontrar um caminho de auto-limitação de vendas para este ano e o ano que vem". As auto-limitações citadas por Feldman referem-se à redução drástica de exportações brasileiras para o mercado argentino. Pouco antes da reunião, o presidente da Câmara de Fabricantes de Artefatos a Gás, Hugo Ganín, afirmou que não pretendiam ceder aos empresários brasileiros, e que estes teriam que apresentar uma proposta com "números razoáveis". A Câmara de Importadores criticou os empresários argentinos, afirmando que as restrições aos produtos brasileiros vão causar o desabastecimento do mercado interno. Segundo os importadores, a indústria local não é competitiva, apesar da mega-desvalorização do peso, ocorrida a partir de janeiro de 2002. Enquanto o setor de eletrodomésticos fervilha, os têxteis entraram em calmaria. Fontes brasileiras da área afirmaram ao Estado que não existem turbulências entre empresários têxteis dos dois países. Segundo a fonte, a Comissão de Monitoramento que observa o comércio desses produtos considera que não há pedras no meio do caminho. "Na área têxtil só temos boas notícias", disse.

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