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Descontrole financeiro pode ser evitado

Em muitos casos, uma formação inadequada na fase infanto-juvenil leva ao consumo descontrolado. Adultos que gastam muito mais que o salário permite também podem sofrer de ansiedade ou de distúrbios mais graves.

Por Agencia Estado
Atualização:

O uso descontrolado do dinheiro na vida adulta e mesmo entre adolescentes pode ser visto como resultado de uma formação inadequada na infância em relação ao assunto. Em casos mais graves, torna-se sintoma de doenças como a depressão, o transtorno obsessivo-compulsivo ou o transtorno bipolar (psicose maníaco-depressiva), alerta a psicóloga Cristiana Vallias de Oliveira Lima. Cristiana costuma atender em seu consultório adultos endividados, que gastam muito mais do que o salário permite. Em geral, o problema é resultado de um quadro de ansiedade. "Como parte do tratamento, eu os ensino a fazer uma planilha de gastos, primeiro semanal e depois mensal. Muitos não sabem distinguir quando compram por necessidade e quando compram porque querem", explica. Além disso, segundo ela, é comum o consumo descontrolado causado por baixa auto-estima. "Consumir é uma forma de aplacar a solidão, de auto-afirmação e de preencher carências, principalmente em grandes metrópoles como São Paulo", diz. Num fênomeno típico dos grandes centros urbanos, a psicóloga já se deparou com muitos gastadores compulsivos viciados nas lojas virtuais da Internet. Presentes Uma parte dos problemas enfrentados por alguns desses adultos poderia ser evitada com a educação financeira, acredita a psicóloga. Ela acha que um dos erros mais comuns dos pais e parentes mais chegados, como avós e tios, é exagerar nos presentes às crianças, ajudando a estabelecer uma relação entre quantidade de presentes e quantidade de afeto. "Um adulto ansioso, ou mesmo impulsivo, se não tiver aprendido na infância, por exemplo, que não há paralelo entre afeto e quantidade de dinheiro, pode ser mais facilmente vítima desse tipo de descontrole." Mesada Cristiana defende a mesada como forma de educar as crianças para fazer escolhas, mas apenas a partir dos 10 anos. "Antes elas não têm a noção temporal para poder planejar o uso do dinheiro num certo período de tempo." O psicólogo Ronaldo Pamplona defende que quanto mais cedo os jovens tiverem responsabilidades em relação a dinheiro, mais chances têm de sucesso profissional. Ele aconselha que eles participem da vida financeira dos pais, sugerindo, por exemplo, reduções no orçamento doméstico. "Me deparo sempre com adolescentes distantes da realidade, sem noção do quanto custa ganhar dinheiro."

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