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Desde 2014, PDVs da Petrobrás já atingiram mais de 19 mil funcionários

Após o início da Lava Jato, estatal já cortou 22,4% dos empregados; só o último PDV, encerrado na quarta-feira, teve a adesão de 11,7 mil

Por Fernanda Nunes
Atualização:

RIO - Desde que a Operação Lava Jato revelou a existência de um esquema de corrupção na Petrobrás, em 2014, 19,3 mil empregados concursados optaram por deixar a empresa e aderir a Programas de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV). O último, encerrado quarta-feira, atraiu 11,7 mil funcionários. A cifra ficou bem acima da projeção de 8 mil feita pela diretoria na semana passada e próxima da meta de 12 mil anunciada em abril, quando o programa foi lançado. Com esse PIDV, a economia de caixa estimada pela Petrobrás gira na casa dos R$ 30 bilhões até 2020.

Se todos os que demonstraram interesse realmente saírem da Petrobrás, o quadro total de concursados vai encolher para 66,7 mil, 22,4% menor do que os 86 mil registrados em 2014, quando as denúncias de corrupção e a queda do preço do petróleo empurraram a empresa à atual crise.

Com cortes de funcionários, estatal espera enxugar gastos e ficar mais competitiva Foto: Fabio Motta/Estadão

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O número real de adesões ao PIDV só será conhecido, no entanto, em maio do ano que vem, quando chega ao fim o processo de demissões. Os desligamentos vão acontecer gradativamente. No meio do caminho, os funcionários têm a alternativa de desistir e seguir na estatal. 

Para dar conta de todas as indenizações, a empresa vai gastar cerca de R$ 4 bilhões. No segundo trimestre, R$ 1,2 bilhão foram provisionados para pagar os 4,4 mil funcionários que já haviam se manifestado até 31 de maio. Os demais R$ 2,8 bilhões vão ser lançados no resultado financeiro do terceiro trimestre, segundo a Petrobrás.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), representante dos empregados, acusa a empresa de forçar o desligamento dos trabalhadores. “Desde que o PIDV foi lançado, em abril, os funcionários com perfil de adesão passaram a ser ameaçados de perder adicionais relativos ao regime especial e ter o salário drasticamente reduzido caso não optassem pelo PIDV”, afirmou o coordenador da federação, José Maria Rangel. Riscos. A FUP pede a recomposição do quadro de funcionários, por considerar que, com menos trabalhadores, o risco de ocorrer acidentes aumenta.

Ao contrário dos programas anteriores, o PIDV de 2016 foi aberto a todos os funcionários e não apenas àqueles com idade de se aposentar. O foco, no entanto, eram os empregados com mais tempo de casa, que vão receber indenizações maiores do que os demais. O enxugamento da mão de obra faz parte do plano de redução de custos da empresa, que, altamente endividada, busca alternativas para continuar investindo. 

Concluído esse PIDV, a Petrobrás vai focar nos funcionários das subsidiárias incluídas no plano de desinvestimento, como a BR Distribuidora, a Transpetro e a Liquigás. Como revelou o Estado no fim de julho, a diretoria da estatal distribuiu carta aos empregados na qual antecipa que vai dar a opção de demissão voluntária “em todos os ativos que venham a ser objeto de parceria ou desinvestimento”.

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