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BNDES deverá anunciar nova política de crédito em até 45 dias

Executivo do banco diz que ênfase será em projetos de infraestrutura; desembolsos caíram 34% no ano

Por Vinicius Neder
Atualização:
Com Lava Jato e recessão, BNDES freou liberação de recursos Foto: Fábio Motta|Estadão

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá anunciar, no prazo de 30 a 45 dias, as novas diretrizes de sua política operacional para as condições de crédito, informou nesta quinta-feira, 20, o superintendente de Planejamento da instituição de fomento, Fabio Giambiagi.

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O executivo não quis detalhar as novas condições, mas afirmou que as linhas gerais seguirão os parâmetros já anunciados pelo banco para os projetos de energia elétrica e saneamento.

"Alguns eixos estão delimitados, como a ênfase em infraestrutura", afirmou Giambiagi. Outros eixos serão "uma colocação maior de moedas de mercado", com menos recursos com juros referenciados na TJLP, e um "compromisso firme" com o apoio a empresas de menor porte. 

Desembolsos. O banco de fomento informou que desembolsou, para empréstimos já aprovados, R$ 62,205 bilhões de janeiro a setembro, queda nominal de 34% em relação a igual período de 2015, informou a instituição de fomento.

As consultas somaram R$ 84,982 bilhões no mesmo período, com queda de 8% na mesma comparação, também em termos nominais, sem considerar a inflação. As consultas são a primeira etapa do processo de pedido de crédito ao BNDES. Normalmente, sinalizam o apetite das empresas por crédito para investir.

Os desembolsos para infraestrutura somaram 18,031 bilhões até setembro, queda nominal de 49% na comparação com igual período de 2015. Já os desembolsos para indústria ficaram em R$ 21,781 bilhões nos nove primeiros meses do ano, queda de 21% ante 2015. O setor de comércio e serviços recebeu R$ 12,861 bilhões para empréstimos, queda de 39%. Por fim, o setor agropecuário ficou com R$ 9,531 bilhões, recuo de 7%. 

Estimativa. Giambiagi estima que os desembolsos poderão ficar abaixo de R$ 100 bilhões neste ano. Segundo o executivo, os desembolsos caem atualmente por falta de demanda. A equipe de economistas do BNDES estima que a formação bruta de capital fixo (FBCF, medida dos investimentos no Produto Interno Bruto) poderá cair de 8% a 9% neste ano. Isso após encolher 4,5% em 2014 e 14,1% em 2015.

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Giambiagi evitou fazer uma estimativa mais precisa para os desembolsos até o fim do ano, mas reconheceu que a tendência é de baixa a partir dos R$ 103,707 bilhões acumulados em 12 meses até setembro. O executivo lembrou que, em dezembro de 2015, houve um volume atipicamente elevado de desembolsos, com R$ 19,127 bilhões.

"Os desembolsos poderão ficar abaixo de R$ 100 bilhões pela simples tendência da decorrência da substituição de um mês atípico como dezembro de 2015", disse Giambiagi.

Segundo o superintendente, os valores de dezembro passado foram elevados porque houve uma "corrida" para liberar recursos. "Em dezembro de 2015 houve um esforço para fechar operações para chegar a números mais robustos", disse Giambiagi.