24 de outubro de 2010 | 00h00
Segundo Marcello Estevão, da Divisão de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), essa imobilidade traz mais dificuldade de recuperação econômica dos EUA, cuja atividade cresceu apenas 1,7% no segundo trimestre.
Nos anos 30, os trabalhadores deixaram regiões deprimidas em busca dos locais onde havia oportunidades de emprego. Embora penoso, esse comportamento contribuiu para a retomada da atividade no país.
Agora, mesmo sem oportunidade de trabalho, parte dos desempregados não quer desfazer-se de um patrimônio, em geral nos subúrbios, cujo valor de mercado não seria suficiente para a compra de uma casa em uma área mais dinâmica dos EUA.
Dados coletados por Christopher Leinberger, especialista em mercado imobiliário do Brookings Institution, mostram que os preços das casas dos subúrbios caíram duas vezes mais que as das áreas centrais de cidades como Denver (Colorado), Atlanta (Georgia) e a capital Washington desde 2006. "Esses imóveis não vão recuperar seus valores anteriores à crise, mesmo que a economia se recupere. O estoque é muito grande", afirmou o especialista.
O quadro de imobilidade da mão de obra desempregada tem sido observado, sobretudo, nos Estados onde a taxa de desemprego supera a média nacional, de 9,6% em setembro. Entre eles estão Nevada, Michigan, Califórnia e Flórida. Em setembro, Texas, Virginia e Vermont não só apresentavam taxas menores do que 8% de desemprego como uma economia um pouco mais aquecida. Porém, não foram receptores de um significativo número de trabalhadores de outras regiões.
"O maior problema causado pela estagnação do mercado imobiliário são as pessoas ancoradas nos lugares onde vivem e onde não podem encontrar trabalho", explicou Leinberger. "Além disso, ainda há a camisa de força do setor financeiro, que não lhes dá condições de reconstruírem suas vidas."
Mesmo com essa resistência, a mudança na lógica de ocupação das cidades americanas será inevitável, na avaliação de Leinberger. Para ele, a crise imobiliária está concentrada nos subúrbios e condomínios distantes do centro das metrópoles e dos bairros onde há produção e serviços. Essas foram as áreas mais valorizadas pela classe média desde o término da Segunda Guerra Mundial.
A virada na composição urbana tem sido trabalhada pelo governo americano, especialmente pelo seu setor de infraestrutura, para longo prazo.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.