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Desemprego atinge maior taxa em 15 meses; renda cai

A taxa de julho deste ano foi a maior apurada desde abril de 2005, quando ficou em 10,8%

Por Agencia Estado
Atualização:

O desemprego voltou a crescer em julho, atingindo o seu maior índice em 15 meses. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nas seis regiões metropolitanas do País (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre) investigadas pela pesquisa do Instituo, o índice de desemprego no mês passado foi de 10,7%, ante 10,4% em junho. No mesmo período do ano passado, a taxa estava em 9,4% A pesquisa do IBGE revelou, também, que, após cinco meses seguidos de crescimento, o rendimento médio real habitual da população ocupada caiu. Estimado em R$ 1.028,50, este indicador registrou variação negativa de 0,7% em relação a junho, mas apresentou aumento de 3,4% sobre julho de 2005. O gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo, disse que esse recuo foi puxado pela região metropolitana de São Paulo, onde o rendimento médio caiu 2,0% em julho ante o de junho, sob impacto, especialmente, do grupo dos empregados com carteira (-1,1%). Segundo Azeredo, como normalmente o rendimento dos trabalhadores com carteira assinada é maior que o do restante dos grupamentos, se há queda neste indicador, a média é puxada para baixo. Além disso, São Paulo, que responde por cerca de 40% dos ocupados nas seis regiões, tem um peso muito forte na pesquisa. Além de São Paulo, a região de Recife também apresentou queda na renda média em julho ante junho (-5,0%), mas com peso menor na média das seis regiões. Mercado de trabalho O mercado de trabalho foi "menos favorável" em julho do que em junho, segundo avaliação de Azeredo. "Alguma coisa no mercado de trabalho não vai bem, vamos tentar explicar isso com os resultados das próximas pesquisas", disse. Segundo Azeredo, a variação da taxa de desemprego (10,7%) em relação a junho (10,4%) "não é estatisticamente significativa", mas completa um período de cinco meses em que o desemprego está "engessado em patamar mais elevado do que no ano passado." De acordo com ele, a expectativa para o mercado de trabalho em 2006 seria de queda na taxa de desemprego a partir de maio, mas isso não ocorreu. "Há uma maior pressão sobre o mercado, com mais pessoas procurando trabalho, e não são geradas vagas suficientes para absorver (essa pressão)", avaliou. Em julho, o número de pessoas desocupadas cresceu 3,9% ante o de junho, o que significou um acréscimo de 90 mil pessoas procurando trabalho. O número de ocupados cresceu apenas 0,4% no período, com geração de 84 mil vagas, o que levou à "sobra" de 2,43 milhões de desocupados nas seis regiões. Desse modo, o número de desocupados retorna ao patamar de julho de 2004. Na comparação com o de julho do ano passado, o número de desocupados cresceu 17,9%, com um acréscimo de 368 mil pessoas procurando emprego. O número de vagas geradas foi superior (413 mil), mas não suficiente para absorção da procura. Azeredo disse que a pesquisa não tem instrumentos que possibilitem afirmar qual o motivo do aumento da procura por emprego que pressionou a taxa de desemprego, mas disse que isso pode estar relacionado à proximidade das eleições, com a expectativa de geração de vagas, e à queda de 0,7% no rendimento de junho para julho, o que pode ter levado mais pessoas de uma mesma família a procurar trabalho, para ajudar no orçamento doméstico. Desemprego Apesar da alta na taxa de desemprego em julho, em relação à registrada em julho de 2005 (9,4%), a taxa média nos sete primeiros meses ficou inalterada em 2005 e 2006. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego média apurada nas seis principais regiões metropolitanas do País no período de janeiro a julho de 2006 foi de 10,2%, exatamente a mesma observada em igual período de 2005. Essa taxa é inferior à apurada em iguais períodos de 2004 (12,1%) e 2003 (12,3%). Além disso, segundo o gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo, o rendimento médio também continua em alta no indicador acumulado, apesar da queda de 0,7% em julho ante junho. No acumulado de janeiro a julho de 2006, o rendimento médio ficou em R$ 1.018,14, com variação de 4,2% ante igual período do ano passado. Inativos O número de inativos (sem trabalho e sem procurar emprego) está caindo nas seis principais regiões metropolitanas do País. Em julho, parte dessa população voltou a procurar uma vaga no mercado de trabalho, pressionando o número de desocupados e a taxa de desemprego. Na comparação com o de junho, o número de inativos caiu 0,9% em julho, com o retorno de 149 mil pessoas ao mercado em busca de uma vaga. Azeredo disse que o retorno dessas pessoas à busca por emprego pode estar relacionado ao estímulo dos empregos temporários gerados com as eleições ou à queda no rendimento de junho para julho, o que exige complemento nos ganhos domiciliares. Segundo ele, a transferência dos inativos ocorre em direção ao grupo dos desocupados, já que não estão sendo geradas vagas suficientes para absorver essas pessoas. Matéria alterada às 14h30 para acréscimo de informações

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