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Desemprego cai a nível recorde, mas salário não melhora

Por Anne Warth
Atualização:

Enquanto o desemprego no País encerrou o ano de 2007 com uma taxa de 15,5%, a menor da série histórica iniciada em 1998, o salário do trabalhador não acompanhou essa melhora. Mesmo impulsionada pelo crescimento econômico e por uma queda contínua do desemprego desde 2004, que resultou na criação de 770 mil vagas nos últimos quatro anos, a recuperação do rendimento médio dos ocupados é lenta e ainda não alcançou os níveis registrados em 1998 em nenhuma das seis regiões metropolitanas pesquisadas pela Fundação Seade e pelo Dieese. Na Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, o rendimento médio dos trabalhadores encerrou o ano de 2007 em R$ 1.140,00, longe dos R$ 1.611,00 registrados há dez anos. No ano passado, o rendimento dos trabalhadores da região ficou praticamente estável em relação a 2006, com queda de 0,3%. Nas outras cinco regiões metropolitanas analisadas pelas entidades, o rendimento subiu 1,3% e passou a R$ 1.066,00, mas permanece em patamares inferiores aos de 1998 - os maiores da série histórica. No Distrito Federal, o rendimento cresceu 5,7%, para R$ 1.521,00; em Salvador, 4,3%, para R$ 822,00; em Belo Horizonte, 4%, para R$ 987,00; em Porto Alegre, 2,5%, para R$ 1.028,00; em Recife, 1,5%, para R$ 658,00. De acordo com os coordenadores da pesquisa, não há razão única para explicar esse fenômeno, mas algumas variáveis ajudam a entender o caso. Embora esteja em queda há quatro anos seguidos, a taxa de desemprego ainda é elevada no País. Nas regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e Distrito Federal, mais de três milhões de pessoas estão sem emprego. "Com um número de desempregados tão elevado, a oferta de mão-de-obra continua maior que a demanda e não há aumento do rendimento. Os salários só aumentam quando há escassez de trabalhadores", destaca o coordenador de análise da pesquisa pela Fundação Seade, Alexandre Loloian. Somam-se a esse quadro a ausência de mão-de-obra qualificada para empregos com salários maiores e a falta de sincronia entre os treinamentos e cursos profissionalizantes ofertados e as necessidades do mercado em diversas regiões do País. "São problemas estruturais na relação entre capital e trabalho que impedem a progressão profissional e salarial", resume Loloian.

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