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Desemprego fica estável em abril, mas rendimento aumenta

Segundo o IBGE, o total de desocupados em abril foi de 10,4% - exatamente o mesmo porcentual do mês anterior. Escolaridade do desempregado, por sua vez, aumentou

Por Agencia Estado
Atualização:

De março para abril, o desemprego permaneceu estável em 10,4%. O dado foi divulgado nesta quinta-feira pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O rendimento médio real do trabalhador, por sua vez, aumentou 0,4% na passagem entre os dois meses, chegando a R$ 1.012,50. O ganho do trabalhador cresceu mais quando se utilizou como base o mesmo período do ano anterior: 4,7%. Na comparação anual, este é o décimo mês de aumento. Segundo o instituto, em relação ao número de ocupados e desocupados, também não houve alteração frente a março. Estes resultados, em conjunto com a manutenção do total de pessoas em idade ativa, acarretaram na estabilidade da taxa de atividade estimada, que foi de 56,5%. Já o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado cresceu 5,2% em relação a abril de 2005. Este contingente de trabalhadores representou, em abril, 41,8% da população ocupada. No ano passado eles correspondiam a 40,3% da população ocupada. Nenhum grupamento de atividade apresentou alteração significativa frente a março. Entretanto, na comparação anual, destaca-se o desempenho do grupamento de Serviços prestados à empresa, aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira, que apresentou crescimento de 4,9%. DESOCUPAÇAO POR REGIÃO METROPOLITANA (em %) Mês Recife Salvador Belo Horizonte Rio de Janeiro São Paulo Porto Alegre abril/2005 13 17 9,5 8,6 11,4 8 maio 12,8 15,9 8,9 8,5 10,5 7,7 junho 9,6 14,7 8,5 6,9 10,5 7,1 julho 12,7 15,7 8,2 7,2 9,9 7 agosto 13,4 15,5 8,3 7,4 9,4 7,6 setembro 15 15,2 8,1 7,4 9,7 8,4 outubro 14,3 14,9 8,5 7,9 9,6 7,5 novembro 14,7 15 8,2 7,7 9,7 7,2 dezembro 13,9 14,6 7 6,8 7,8 6,7 janeiro/2006 15,3 14,9 8,1 6,9 9,2 7,7 fevereiro 15,9 13,6 9,1 7,9 10,5 7,5 março 16,5 13,7 9,3 8,5 10,6 8,3 abril 16,5 13,4 9,1 8,4 10,7 8,3 No cenário regional, na comparação mensal, os destaques foram: queda de 4,3% no contingente de ocupados no grupamento da Indústria extrativa, de transformação e distribuição de eletricidade, gás e água, em São Paulo, e a entrada de 23 mil pessoas (aumento de 9,5%) no grupamento dos Serviços prestados à empresa, aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira, em Belo Horizonte. Perfil dos desocupados Entre os desempregados, 55% eram mulheres; 7,1% tinham de 15 a 17 anos; 37,6% tinham de 18 a 24 anos; 48,3% de 25 a 49 anos e 6,6%, 50 anos ou mais. Ainda, segundo o IBGE, 20,6% estavam em busca do primeiro trabalho e 27,2% eram os principais responsáveis pela família. Em relação ao tempo de procura, 19,3% estavam por um período inferior a 30 dias; 48,2%, por um período de 31 dias a 6 meses; 7,7%, por um período de 7 a 11 meses e 24,8% há pelo menos 1 ano. Em abril de 2003, 39,3% dos desocupados tinham pelo menos o ensino médio concluído; em abril de 2004, o percentual chegou a 43%; em abril de 2005, subiu para 47,2% e, na última pesquisa, atingiu 49,3%. Setores O setor que mais absorveu o total de vagas em abril foi o Comércio, com 19,7% dos empregados. Apesar da representatividade do grupo, o grupo seguiu a tendência geral e não apresentou mudança em seu contingente. O segundo melhor foi o setor de Indústria extrativa, de transformação e distribuição de eletricidade, gás e água; com 17,2% da população ocupada. O setor de Outros serviços, por sua vez, que compreende alojamento, transporte, limpeza urbana e serviços pessoais, ficou com 16,7%. Em seguida vieram Educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social, com 16,1%; Serviços, com 14,2%; Serviços domésticos, com 8,2%; e Construção, com 7,2%. Expectativa A expectativa do IBGE é de que a taxa de desemprego comece a cair a partir de maio, explicou o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo. Ele se baseia no fato de a taxa ter caído durante o mês nos dois últimos anos e no aumento da qualidade do emprego revelada pela pesquisa de abril - tanto pelo aumento da ocupação com carteira assinada quanto pelo aumento do rendimento médio do trabalhador. O IBGE tinha a expectativa de que este ano o desemprego começaria a cair já em abril. "Foi uma expectativa revestida de otimismo", disse Azeredo. "O desemprego nunca caiu em abril, mas a estabilidade com aumento da qualidade do emprego já traz ganhos", disse. "Este é o melhor abril desde o início da série da PME", afirmou Azeredo, considerando não apenas os dados do desemprego, mas também os demais indicadores, como o rendimento e o crescimento dos trabalhadores com carteira assinada. A série é recente, iniciada no fim de 2002. Grande São Paulo Comprovando a tendência de estabilidade anunciada na última quarta-feira pela pesquisa da Fundação Seade e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o IBGE informou em seu levantamento que a na Grande São Paulo a taxa passou de 10,6% em março para 10,7% em abril - variação considerada como de estabilidade. Segundo o IBGE, a variação entre os diferentes setores econômicos e indicadores em São Paulo foi grande. Na indústria, houve demissões e o número de trabalhadores nessa atividade diminuiu em 80 mil, o equivalente à queda de 4,3% no emprego industrial em abril, na comparação com março. Já no Comércio, o crescimento foi de 4,6% ou 72 mil trabalhadores a mais na atividade de um mês para o outro. Azeredo destacou o aumento de 2,3% dos empregados com carteira assinada de março para abril e o crescimento de 1,7% no rendimento médio real do trabalhador paulista de um mês para o outro. "São Paulo e Belo Horizonte puxaram o aumento da qualidade de emprego", disse. Este texto foi atualizado às 15h05.

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