A taxa de desemprego na Grande São Paulo ficou em 16,8% da População Economicamente Ativa (PEA) em junho, registrando estabilidade, na comparação com maio, quando o indicador ficou em 17%. Tomando como base o mesmo período do ano passado, quando o total estava em 17,5%, houve retração no indicador. O dado, divulgado nesta quarta-feira pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), estima o contingente de desempregados nos 39 municípios da Grande São Paulo em 1,68 milhão de pessoas - 31 mil a menos do que em maio. A redução do nível de ocupação foi de 0,5%, resultado do corte de 41 mil posições na Indústria e outras 21 mil em Serviços, compensada, parcialmente, pela geração de 19 mil vagas no Comércio e outras 5 mil em Outros Setores, concentrado, principalmente, em Construção Civil e Serviços Domésticos. A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) indica ainda que, entre abril e maio, o rendimento médio real de todos os ocupados manteve-se estável, oscilando 0,3% e correspondendo a R$ 1.038. No conjunto dos assalariados, a variação foi positiva em 0,7%, equivalendo a R$ 1.107. Pessimismo O comportamento do mercado de trabalho na Grande São Paulo surpreendeu negativamente os técnicos da Fundação Seade e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), responsáveis pela pesquisa. "Este junho está marcado por uma série de singularidades", observou o gerente de Análise da PED pela Fundação Seade, Alexandre Loloian. A expectativa dos técnicos das duas instituições era de que o desemprego na região apresentasse queda mais acentuada em junho, o que acabou sendo frustrada diante da retração de 0,2 ponto porcentual - podendo ser considerada praticamente estável, ao atingir índice de 16,8% da População Economicamente Ativa (PEA). Segundo ele, a principal "singularidade" pôde ser vista na retirada de 69 mil pessoas do mercado de trabalho, que deixaram de procurar emprego, a maior saída identificada para o mês na série histórica da PED, iniciada em 1985. Participação A taxa de participação, ou seja, a proporção de pessoas da Grande São Paulo com 10 anos de idade ou mais incorporadas ao mercado de trabalho, ficou em 62,6%, a menor desde 1999. Esse baixo índice significa que os trabalhadores da região estão postergando a procura por ocupação, de acordo com os especialistas da Fundação Seade e do Dieese. Apenas como referência, em 2004, essa taxa estava em 64,4%. "O que leva a pessoa ingressar no mercado de trabalho são os sinais de que há crescimento da ocupação e esses sinais não foram vistos ainda este ano", comentou Loloian. Em junho, em mais um movimento atípico, 31 mil postos foram cortados na região, ou seja, um corte de 0,5% do contingente de ocupados. "Com base nos indicadores podemos afirmar que há desaquecimento do mercado de trabalho e não é algo sazonal", analisou Marise Hoffmann, técnica do Dieese. Sexta queda O mau desempenho do emprego no setor industrial na Grande São Paulo tem preocupado os técnicos da fundação Seade e do Dieese. Entre maio e junho, o setor industrial cortou 2,6% de sua força de trabalho na região - o que representa a eliminação de 41 mil postos. Foi também a sexta queda consecutiva do emprego industrial apurada pela PED. Esse movimento de junho, de retração de 2,6% no emprego industrial, foi o maior visto pela PED no mês e só encontra proporção similar em junho de 1990, quando o País ainda sentia os efeitos do Plano Collor. Na ocasião, a mesma pesquisa identificou queda de 2,4% na ocupação industrial da Grande São Paulo. Em relação a junho do ano passado, a indústria paulista registra redução de 4,5% da ocupação, resultando no corte de 74 mil cargos. "A situação da indústria preocupa porque é neste setor onde se oferecem os melhores salários e o registro em carteira, além de exigir contratação de serviços de melhor qualidade", observou Marise. "É impossível não associar a queda do nível de emprego industrial com a questão do câmbio valorizado. As indústrias da Grande São Paulo são focadas na exportação", acrescentou Loloian. Conforme a pesquisa, a eliminação dos postos de trabalho na indústria foi concentrada nos segmentos de Vestuário e Têxtil (9,9%), Gráfica e Papel (7,3%), e no agregado Outras Indústrias (5,4%). Registraram crescimento da ocupação os ramos de Alimentação (6,2%), Metal-Mecânico (1%) e Química e Borracha (0,7%). "O problema é que o impacto da indústria de Alimentação na Grande São Paulo é pequeno e o setor de Metal-Mecânica, que responde por 40% da indústria da região, vai mal", explicou Loloian. "O desaquecimento do mercado de trabalho está ancorado na indústria", adicionou Marise. Este texto foi atualizado às 15h21.