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Desemprego na Europa traz de volta protestos

Europeus cobram ação anticrise

Por Jamil Chade e GENEBRA
Atualização:

A crise econômica fez ressurgir protestos nos países ricos, dez anos depois de o mundo se surpreender com as manifestações antiglobalização em Seattle (EUA), durante a conferência da Organização Mundial do Comércio (OMC). No último fim de semana, vários países europeus foram palco de protestos. Amanhã é dia de greve geral na França, mais uma vez contra a resposta dada pelo governo à crise. Em janeiro, sindicatos franceses já haviam organizado o maior protesto contra o governo, com mais de dois milhões de pessoas. Se há dez anos a vilã a ser combatida era a globalização, hoje é uma possível consequência dela: a perda de empregos. A ideia dos sindicalistas na França agora é a de voltar a protestar e exigir maior proteção contra o desemprego. Em Portugal, na Irlanda e na Grécia, os protestos pediram ações concretas do governo para lidar com o futuro dos trabalhadores. Na Islândia, a pressão popular acabou fazendo o governo cair. Já na Rússia, os protestos estão sendo tratados pela polícia. No último dia 15, mil pessoas exigiram a demissão do governo em uma manifestação em Vladivostok. Entre dezembro e janeiro, 800 mil russos foram demitidos. Trabalhadores do setor siderúrgico chegaram a fazer greve de fome. Os protestos também foram exportados. Na ilha de Guadalupe, controlada pela França, uma greve geral paralisou a região por cinco semanas. Um sindicalista foi assassinado. Outro território da França, La Reunion, também foi alvo de protestos de trabalhadores. Mas é no Leste Europeu que as manifestações ganham dimensão nova e mais violenta. Uma rede de sindicatos pretende organizar para a semana que vem um protesto durante a reunião de ministros de Relações Exteriores da UE, em Praga, que é a capital do bloco até julho. A iniciativa retoma a mobilização que ocorreu na Europa há dez anos e que levava ativistas de um lado a outro do continente para pressionar os governos. Bósnia, Bulgária, Hungria, Letônia e Lituânia já passaram por dias de protestos violentos. Dezessete países europeus foram afetados desde janeiro por manifestações. No Reino Unido, uma greve numa usina em Lindsey contra a contratação de estrangeiros se expandiu no início de fevereiro, atraindo mais de 10 mil pessoas. Numa pesquisa publicada ontem, o Financial Times apontou que mais da metade dos europeus quer que os imigrantes desempregados voltem a seus países de origem. Na Alemanha, a crise está relacionada com o futuro da Opel. A General Motors admite que uma quebra da empresa pode provocar a demissão de 300 mil postos de trabalho no país. Para José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, o mercado de trabalho está "cada vez pior". Nesta semana, a União Europeia apontou que 672 mil trabalhadores perderam seus empregos nos últimos três meses de 2008. Em janeiro, as demissões somavam 12 mil por dia. Segundo Barroso, a taxa de desemprego deve chegar a 10% na Europa.

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