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Taxa de desemprego recua para 11,8%, mas número de trabalhadores informais é recorde

Somando os brasileiros desempregados, subocupados e desalentados, faltou trabalho para 28 milhões de pessoas no trimestre encerrado em julho, aponta IBGE

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - A taxa de desemprego no País recuou para 11,8% no trimestre encerrado em julho, com o aumento no número de pessoas atuando na informalidade, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 30. 

Candidatos a vagas de portaria e limpeza formam fila na frente de sindicato na região central de São Paulo. Foto: Felipe Rau/Estadão - 29/8/2019

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O total de trabalhadores informais alcançou o patamar recorde de 38,683 milhões, o equivalente a mais de 40% da população ocupada. São os empregados do setor privado e os trabalhadores domésticos que atuam sem carteira assinada, trabalhadores por conta própria, empregadores sem CNPJ e aqueles que trabalham ajudando parentes.

“O desemprego está caindo, mas o que está acontecendo? Tem uma transferência para a subutilização, tem um aumento na subocupação”, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. 

De acordo com os dados da instituição, ainda falta trabalho no País para 28,106 milhões de pessoas. Esse número inclui os desempregados, os  subocupados (aqueles que trabalham menos do que gostariam) e os desalentados (as pessoas que pararam de procurar emprego simplesmente por não acreditarem que vão encontrar). No período de um ano, o mercado de trabalho absorveu 2,218 milhões de trabalhadores, mas somente 233 mil deles com carteira assinada no setor privado.

A tendência é que o emprego informal continue avançando, até mesmo na indústria, diante das mudanças de padrão que vêm ocorrendo no mercado de trabalho desde a crise de 2008 e sancionadas pela reforma trabalhista, prevê Eduardo Lisboa, economista da LCA Consultores.

"Você já vê, por exemplo, trabalhadores em regime parcial avançando. Essa é uma tendência do período pós-crise, em que as empresas passam a buscar mais esse tipo de relação. Pelo outro lado, o trabalhador passa a aceitar com maior facilidade esse tipo de situação", disse Lisboa.

Segundo Cimar Azeredo, a reação esboçada pela carteira assinada na divulgação referente ao trimestre terminado em junho não se confirmou na pesquisa de julho. “Dos dois milhões de ocupados a mais em relação ao ano passado, mais da metade é (trabalhador por) conta própria, 54%”, disse Azeredo.

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Como consequência, a proporção de trabalhadores ocupados contribuindo para a Previdência Social caiu a 62,8% no trimestre encerrado em julho, o menor patamar desde 2013.

“A contribuição para a Previdência se mantém em patamar baixo, em função da queda que houve do emprego com carteira assinada e que o mercado de trabalho brasileiro não conseguiu recuperar”, justificou o coordenador do IBGE.

Segundo Azeredo, o IBGE está monitorando a entrada em vigor da exigência a uma empresa de transporte por aplicativo de que seus motoristas tenham registro no MEI (Microempreendedor Individual), o que deve aumentar o número de trabalhadores por conta própria com CNPJ e a proporção de ocupados contribuindo para a Previdência. “Ainda não começou, mas estamos monitorando”, contou Azeredo.

O avanço do emprego precário e com remunerado pior se refletiu sobre a renda média do trabalhador, que encolheu 1% em apenas um trimestre. A fraqueza dos rendimentos acende um sinal amarelo sobre a capacidade de consumo dos trabalhadores, alertaram os analistas Thiago Xavier e Rayne Santos, da Tendências Consultoria Integrada.

“A massa de rendimentos do trabalho apresenta tendência de desaceleração, o que representa um sinal de cautela para as perspectivas do consumo das famílias nos próximos meses, principal responsável pela retomada econômica em curso”, lembraram os analistas da consultoria Tendências, em nota. / Colaborou Francisco Carlos de Assis 

 

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