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Com mais 1,1 milhão de brasileiros em busca de vaga, desemprego bate recorde

Na última semana de agosto, população sem trabalho no País atingiu 13,7 milhões de pessoas e taxa subiu para 14,3%, a maior desde o início da pandemia

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - Com menos pessoas empregadas e mais brasileiros buscando trabalho, a taxa de desemprego no País aumentou de 13,2% na terceira semana de agosto para 14,3% na quarta semana do mês, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19), divulgados nesta sexta-feira, 18, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi o mais elevado desde que a pesquisa teve início, em maio deste ano.

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A população desempregada subiu a 13,7 milhões de pessoas na quarta semana de agosto, cerca de 1,1 milhão a mais que o registrado na terceira semana do mês. A reabertura de atividades econômicas e flexibilização do isolamento social têm encorajado as pessoas que estavam na inatividade a buscar uma vaga.

“Quando estava com as medidas restritivas, as pessoas não podiam se locomover, não podiam buscar emprego, as empresas estavam fechadas. Agora vamos ver como o mercado de trabalho responde a essa maior procura (por emprego)”, disse Maria Lucia Vieira, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A população desempregada foi estimada em 13,7 milhões de pessoas na quarta semana de agosto. Foto: Carl de Souza/AFP

Embora haja mais trabalhadores em busca de uma vaga, o total de ocupados desceu a 82,2 milhões na quarta semana de agosto, cerca de meio milhão a menos em apenas uma semana.

A taxa de informalidade ficou em 34,0% na quarta semana de agosto, ante 33,4% na semana anterior. Como aumentou a incidência de informais no mercado de trabalho na mesma semana em que houve redução na população ocupada, é possível dizer que as demissões atingiram mais os trabalhadores formais. “Sim, foi o pessoal com trabalho mais formalizado”, confirmou a coordenadora do IBGE.

A queda no número de funcionários que permaneciam afastados pelas empresas devido ao distanciamento social não se reverteu em retorno à atividade, pelo contrário, a maioria deles foi dispensada.

“Entre esses que estavam afastados e não estão mais, uma parcela pequena se ocupou, voltou para o trabalho, mas a maioria não voltou”, contou Maria Lucia.

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Ainda havia cerca de 3,6 milhões de trabalhadores ocupados, porém afastados do trabalho, devido às medidas de isolamento social na quarta semana de agosto, 400 mil pessoas a menos que o patamar de uma semana antes. A população ocupada e não afastada do trabalho foi estimada em 76,1 milhões de pessoas, apenas 200 mil a mais em uma semana. Na quarta semana de agosto, 8,3 milhões de pessoas permaneciam trabalhando remotamente.

A população fora da força de trabalho - que não estava trabalhando nem procurava emprego - somou 74,4 milhões na quarta semana de agosto, sendo que 26,7 milhões deles disseram que gostariam de trabalhar.

Aproximadamente 16,8 milhões de inativos que gostariam de trabalhar alegaram que não procuraram trabalho por causa da pandemia do coronavírus ou por não encontrarem uma ocupação na localidade em que moravam. Economistas acreditam que esse contingente deva pressionar a taxa de desemprego nas próximas leituras, conforme forem tomando a iniciativa de voltar a buscar uma oportunidade. Pela metodologia da pesquisa do IBGE, são consideradas desempregadas apenas as pessoas que efetivamente tomaram alguma iniciativa de procurar emprego.

“Ainda tem bastante gente nessa condição, mas nem todos buscarão trabalho. Essa população vai diminuir, mas não vai zerar. Quando terminar a pandemia, vai mudar a motivação para não procurar trabalho”, previu Maria Lucia Vieira.

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Isolamento social

A Pnad Covid-19 mostrou ainda que aproximadamente 88,6 milhões de pessoas ficaram em casa e só saíram por necessidade básica na quarta semana de agosto, o equivalente a 41,9% da população. O resultado representa cerca de 1 milhão de pessoas a mais em distanciamento social em apenas uma semana.

Por outro lado, a parcela da população que ficou rigorosamente isolada somou 38,9 milhões na quarta semana de agosto, 2,7 milhões de pessoas a menos em isolamento social em uma semana. Outros 5 milhões disseram que não adotaram nenhum tipo de restrição de contato na quarta semana de agosto, 500 mil pessoas a mais que na semana anterior. Uma fatia de 77,1 milhões de pessoas declarou ter reduzido o contato social, mas continuaram saindo de casa ou recebendo visitas, 700 mil a mais que na semana anterior.

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Na quarta semana de agosto, o País tinha cerca de 45,6 milhões de estudantes que frequentavam escolas ou universidades, mas 7,2 milhões deles (15,8% do total) não tiveram atividades escolares. O resultado representa uma ligeira melhora em relação à semana anterior, quando 7,3 milhões de estudantes (15,9%) não tiveram atividades educacionais.

Entre os 37,4 milhões de estudantes que tiveram atividades escolares na quarta semana de agosto, 24,8 milhões (66,3% deles) estudaram cinco dias da semana.

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