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Desemprego volta ao nível de 2002, diz IBGE

O aumento do número de empregados com carteira assinada em junho (3,2% ante igual mês de 2003) representou a maior variação positiva nesse indicador desde maio do ano passado (4,1%)

Por Agencia Estado
Atualização:

A taxa de desemprego apurada pelo IBGE em junho (11,7%) retornou ao patamar das taxas de 2002 (em junho, 11,6%), antes do agravamento da crise do mercado de trabalho no ano passado. O gerente da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, avalia que "o cenário econômico foi favorável a uma reação do mercado de trabalho em junho". Ele admitiu que "há um forte componente sazonal" na taxa, que historicamente começa a declinar em junho e desacelera até dezembro, mas lembrou que no ano passado o comportamento foi atípico e houve recordes de desemprego mesmo a partir do final do primeiro semestre. "A queda na taxa não ocorreu apenas por sazonalidade, há um cenário mais favorável para a reação do emprego do que no ano passado", disse. Segundo ele, "as estatísticas mostram que o mercado de trabalho melhorou em junho, com aumento do número de ocupados com carteira assinada, desaceleração na perda do poder de compra dos trabalhadores e queda da taxa de desemprego". Mais 3,2% trabalhadores com carteira O aumento do número de empregados com carteira assinada em junho (3,2% ante igual mês de 2003) representou a maior variação positiva nesse indicador desde maio do ano passado (4,1%). "O trabalho com carteira não vinha se movimentando, agora há uma linha de tendência de crescimento, ainda que suave, com aumento há quatro meses", disse Cimar Azeredo Pereira. Ele lembrou que a ocupação vinha crescendo quase integralmente na informalidade, e agora há alguma reação do emprego formal. Apesar dessa pequena recuperação, a informalidade prosseguiu em alta em junho, com aumento de 8,6% no número de trabalhadores sem carteira assinada ante junho do ano passado, e crescimento de 1,9% dos ocupados por conta própria (como camelôs) no período. Pereira disse que o número de informais continua crescendo porque ainda há 2,5 milhões de desocupados nas seis regiões metropolitanas pesquisadas, ou seja, a taxa de desemprego, mesmo em queda, continua elevada e favorece a informalidade. Ele destacou também que a região metropolitana de São Paulo foi responsável, praticamente sozinha, pelo aumento dos sem carteira. Dos 242 mil trabalhadores que foram absorvidos no mercado em junho sem carteira, na comparação com junho do ano passado, 226 mil foram em São Paulo. O analista da PME, Marcio Ferrari, disse que esse incremento dos sem carteira em São Paulo ocorreu quase integralmente entre junho e dezembro de 2003 e não há pressões mais recentes de alta da informalidade na região. Número de desocupados cai 8,1% A procura por uma vaga no mercado de trabalho caiu significativamente na média das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE em junho. O número de pessoas desocupadas (desempregadas e procurando emprego) caiu 8,1% na comparação com junho do ano passado, o que significa, em números absolutos, menos 220 mil pessoas procurando emprego. A queda ante igual mês do ano anterior foi a mais intensa registrada desde março do ano passado (-1,5%), quando teve início a série do IBGE para esse indicador. Houve redução também dos desocupados em junho ante maio (-4,1%, ou menos 108 mil pessoas). Cimar Azeredo Pereira disse que a queda do número de desocupados ocorreu por uma conjunção de três fatores: o aumento da ocupação, a desistência da busca por uma vaga ou o fato de a pessoa não precisar mais de um emprego, por que outro membro da família conseguiu uma vaga ou teve elevação do rendimento. O número de ocupados cresceu 3,3% em junho ante igual mês de 2003, representando um acréscimo de 598 mil vagas. Houve aumento dos ocupados também ante maio (0,4% ou 80 mil novas vagas). Apesar dessas novas vagas, 2,5 milhões de pessoas permanecem desocupadas nas seis regiões.

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