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'Desigualdade no terceiro setor subiu, e ONG menor ficou sem recurso', diz executivo da Ambev

Pesquisa encomendada pela gigante de bebidas aponta que quatro em cada dez organizações não governamentais (ONGs) relatam dificuldades para se manter por falta de financiadores

Por Douglas Gavras
Atualização:

O novo coronavírus, que atingiu em cheio os principais segmentos da economia, não poupou o terceiro setor. Uma pesquisa inédita encomendada pela Ambev aponta que quatro em cada dez organizações não governamentais (ONGs) relatam dificuldades para se manter por falta de financiadores. Ao Estadão, o gerente de Impacto Social da companhia, Carlos Pignatari, conta que a pandemia fez com que os recursos ficassem concentrados nas grandes ONGs, enquanto as pequenas lutam para sobreviver.

Carlos Pignatari, gerente de Impacto Social da Ambev Foto: Ambev

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Como a covid-19 afetou as ONGs?

Nossa pesquisa mostra que 61% reduziram suas atividades, priorizaram recursos ou direcionaram o pouco que tinham para atividades emergenciais. A desigualdade no terceiro setor aumentou com a pandemia: 41% das organizações apontam dificuldades financeiras, mas descobrimos também que algumas ONGs grandes receberam mais apoio do que esperavam. Essas instituições maiores distribuíram verba para as outras, mas muitas pararam as atividades ou correram o risco de parar por falta de dinheiro. Elas ainda têm um receio grande de como será em 2021.

O ano que vem será difícil para a economia. Como será para o terceiro setor? 

Ainda não sabemos como vai ser no ano que vem, mas a demanda por serviços sociais aumentou, embora algumas ONGs tenham reduzido o número de atendimentos. Muitas organizações se reinventaram e todas elas passaram a pensar nas maiores necessidades de seus públicos-alvo. Até para não expor o voluntário a uma atividade que não era prioritária, elas focaram em saúde, higiene e alimentação.

Grandes empresas podem contribuir para o fortalecimento das ONGs?

Sim. Nós temos o programa VOA desde 2018. A gente fala em potencializar o trabalho que as ONGs já fazem. Há organizações com um ano e seis meses e outras com 70 anos. Elas passam por um processo seletivo e nós as conectamos com funcionários da Ambev. O mentor ajuda, entre outros pontos, a ver as leis de incentivo que funcionam para aquela ONG, o que ela pode fazer para vender o projeto para investidores etc.

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2020 pode ter um saldo positivo? 

Sim. As ONGs aprenderam a usar mais recursos digitais. E eu tendo a acreditar que a pandemia fez crescer o voluntariado, o que pode se manter depois. Muitas pessoas também passaram a conhecer o trabalho de ONGs e a importância de alguns serviços que já eram prestados há anos. Minha esperança é que essa aproximação não seja passageira. 

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