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Desperdício de gás aumenta 53% no trimestre

Perda nas plataformas equivale ao consumo do Estado do Rio

Por Nicola Pamplona
Atualização:

A queima ou perda de gás nas plataformas de petróleo da Petrobrás aumentou 53,5% no primeiro trimestre de 2009, atingindo o recorde de 10,1 milhões de metros cúbicos por dia em março. O volume equivale ao consumo do Estado do Rio. O problema é fruto do crescimento da produção de petróleo na Bacia de Campos, sem mercado equivalente para o gás que sai dos poços associado ao óleo. Além do prejuízo financeiro, a queima de gás provoca emissão de gases do efeito estufa. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), as plataformas de petróleo brasileiras queimaram ou perderam 730,9 milhões de metros cúbicos nos três primeiros meses de 2009, o que representa um crescimento de 53,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O volume é equivalente a uma média de 8,1 milhões de metros cúbicos por dia. Em março, houve grande aumento da média, que atingiu 10,1 milhões de metros cúbicos por dia. A Petrobrás diz que o aumento da queima é pontual, pois reflete a entrada em operação de três novas plataformas de petróleo (P-51, P-53 e Cidade de Niterói), que ainda não estavam conectadas a sistemas de escoamento do gás. Segundo a empresa, o volume diminuiu em abril, com a conexão da P-53 a um gasoduto. As outras duas unidades devem começar a escoar gás a partir de julho. A queima de gás causa prejuízos para a empresa, que tem de pagar royalties sobre o combustível desperdiçado. Além disso, é motivo de preocupação ambiental - o Banco Mundial tem um grupo que estuda maneiras de atenuar a emissão de gás carbônico pelos queimadores de gás natural das plataformas. O Brasil figura no segundo escalão entre os países mais poluidores nesse sentido, lista encabeçada por grandes produtores, como a Rússia. Com base em dados de 2007, quando as queimas no Brasil situavam-se em torno dos 5,5 milhões de metros cúbicos por dia, a entidade estima que as plataformas brasileiras contribuam com emissão de volumes entre 4 e 7 milhões de toneladas de gás carbônico por dia - o dado varia de acordo com o ritmo de queima de gás. A Petrobrás diz que "continua buscando novas soluções para aproveitar ainda mais o gás produzido". No primeiro trimestre, menos da metade dos 5,02 bilhões de metros cúbicos de gás produzidos pela empresa chegaram ao mercado consumidor. Além das queimas, parte do gás é consumido nas unidades da companhia e outra parte, reinjetado nos reservatórios. O volume de produção, porém, caiu 2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Anteontem, a diretora de Gás e Energia da Petrobrás, Graça Foster, disse que há hoje uma oferta excedente de 20 milhões de metros cúbicos por dia. Na tentativa de encontrar consumidores, a companhia realiza leilões para entrega de gás em contratos de curto prazo, mas a procura é pequena. Um alívio, porém, foi provocado pela seca no Sul do País, que levou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a religar as térmicas a gás das Regiões Sul e Sudeste.

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