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Despesas de famílias confirmam arrancada

Renda domiciliar no Centro-Oeste está 6% acima da média do País

Por Vera Dantas
Atualização:

A arrancada do consumo na região Centro-Oeste tem sido perceptível nas despesas mensais dos domicílios. "As famílias na região estão gastando 29% mais em alimentos, sucos, refrigerantes e cerveja, produtos de higiene pessoal e limpeza, 19% mais em lazer e 16% em educação", diz a responsável pela pesquisa da LatinPanel, Fátima Merlin. Ela observa que o preço médio na região, comparado com o primeiro semestre de 2006, subiu 5%. Mas, ressalva, além de pagar mais caro, essas famílias estão com um consumo superior às outras regiões do País. A renda domiciliar mensal média no Centro-Oeste está em torno de R$ 1.470 , cerca de 6% acima da média do País. O número de lares compradores cresceu 3 pontos porcentuais no Centro-Oeste. Na média do Brasil, o crescimento foi de 2 pontos porcentuais. O Centro-Oeste, com a melhora dos preços da soja e do milho no mercado internacional, está recebendo uma injeção direta de recursos, observa o economista-chefe da RC Consultores, Fábio Silveira. "A renda familiar se recuperou e este fato está sendo captado nas pesquisas de consumo." A receita agrícola no País este ano, diz, aumentou 18%, e apenas a de grãos, concentrada em soja e milho,cresceu 26% em relação a 2006. O Mato Grosso, lembra, é o maior produtor de soja do País. O cenário de agora é bem diferente do ano anterior, quando a soja e milho tiveram redução de preço no mercado internacional. "Essa queda, combinada com a valorização cambial e o endividamento do produtor, trouxe redução de 35% a 40% na receita da soja e do milho." Não foi só a agricultura que sofreu nos dois últimos anos. A febre aftosa e a queda do preço do boi afetaram a pecuária de corte na região em 2006. "Este ano, o preço do boi melhorou e voltou a oxigenar nosso Estado, que não é industrializado e depende muito do produto primário", diz o presidente da Associação dos Supermercados de Mato Grosso do Sul, Adeilton Feliciano do Prado. O preço da arroba do boi está 22% maior do que em dezembro do ano passado. "Tivemos dois anos muito difíceis com problemas para a colheita e pecuária. Mas a recuperação da renda começou. Tanto é que notamos um crescimento bem acentuado nos supermercados nas vendas de pratos prontos, laticínios e perecíveis em geral", diz Prado. Os números da Nielsen mostram que, no primeiro semestre deste ano, na comparação com 2006, os produtos perecíveis tiveram aumento de 29% nas vendas, os de mercearia salgada, de 14%, e as bebidas não alcoólicas, de 13%. As empresas locais, como a rede Modelo, de Mato Grosso, com 14 lojas, estão com crescimento concentrado em perecíveis, pratos prontos, molhos, sobremesas e uma série de produtos que envolvem conveniência e praticidade. "Os produtos básicos estão num ritmo de vendas menor", diz o diretor da rede, Altair Guimarães. A ocupação dos Estados do Centro-Oeste é estratégica para a expansão de grandes redes de varejo. Entre as maiores empresas de supermercados, o Carrefour está com 20 pontos-de-venda na região, incluindo lojas do Atacadão e do Carrefour Bairro, além de dois centros de distribuição. Algumas lojas da rede na região cresceram 30% nas vendas em relação a 2006 e o Carrefour deve fechar o ano com ao menos mais duas inaugurações. O Wal-Mart abriu as primeiras lojas em Goiânia e Brasília há menos de dois anos. "As vendas na primeira metade do ano no Centro-Oeste estão com um crescimento de 5% a 7% acima da meta, e o destaque está em Goiânia", diz o vice-presidente de operações no Brasil do Wal-Mart, Victor Serra. A empresa acabou de abrir a quinta loja em Goiânia há dois meses. O Grupo Pão de Açúcar tem maior presença no Distrito Federal, onde está com 20 lojas. Em Goiás, são três pontos-de-venda e em Mato Grosso do Sul o grupo tem apenas uma loja Extra. Nas inaugurações previstas para os próximos meses, a rede não detalha em que regiões pretende abrir lojas. "As maiores empresas investem na região porque há uma saturação nos grandes mercados e uma procura de novidades. Mas, independentemente de serem beneficiadas por uma concorrência menor, todos estão sendo ajudados pelo desempenho do agronegócio", diz o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda. Além dos supermercados, outras redes, como a Ri Happy, de brinquedos, estão com ritmo de crescimento superior no Centro-Oeste. "A média de aumento de vendas das lojas este ano está em torno de 12% em relação a 2006. Em Goiânia e Campo Grande, o crescimento é de cerca de 20%", compara o diretor da Ri Happy, Ricardo Sayon. ATRAÇÃO A elevação de renda na região tem sido um atrativo para as companhias que estão chegando e para aquelas já estabelecidas. "Produtos congelados, embutidos e margarinas estão com aumento de vendas de 12% em relação ao ano passado no Centro-Oeste. É um crescimento 4% acima da média do Brasil", diz Sérgio Fonseca, diretor de vendas da Sadia, que se está instalando em Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso. A companhia planeja investir R$ 1,5 bilhão no novo complexo industrial em Lucas do Rio Verde, para ampliar a capacidade de abate de frangos e suínos. Sua maior concorrente, a Perdigão, chegou ao Centro-Oeste atraída pela disponibilidade de soja, milho e sogro na região e pela mão-de-obra disponível. Com cinco unidades em Mato Grosso e Goiás, emprega 10 mil funcionários. A estratégia da Perdigão é que o Estado de Goiás se torne seu principal pólo produtor de aves. A Pepsico, que abriu em 2006 uma fábrica no Nordeste com a marca Elma Chips, avalia a possibilidade de reproduzir a experiência em outras regiões,incluindo o Centro-Oeste. "As vendas da companhia na região representaram em 2006 entre 10% e 12% do total", diz o vice-presidente comercial da Pepsico, Eduardo Garofalo. No primeiro semestre, a empresa teve crescimento no volume de vendas de 12,2% no Centro-Oeste e queda de 0,7% em outras regiões. O grupo Caoa/Hyundai, recém chegado a Anápolis (GO), escolheu o local pela infra-estrutura do Estado e seu potencial de crescimento. Hoje a montadora fabrica 30 veículos por dia. Mas até o fim do ano deverão ser produzidos em Goiás cerca de 3,8 mil caminhões de pequeno porte para atender todo o mercado latino-americano.

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