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Deterioração da economia global aumenta dilema da Opep

Segundo o 'WSJ', ministros do cartel devem avaliar outro corte na produção de petróleo neste sábado

Por Nathália Ferreira e da Agência Estado
Atualização:

Após ter fracassado duas vezes em dois meses em conter a queda acentuada dos preços do petróleo, os ministros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) devem avaliar outra rodada de corte expressivo na produção quando se reunirem neste sábado, 29, no Cairo, afirma o Wall Street Journal. Contudo, autoridades do cartel têm afirmado que uma decisão nesse sentido deve ser adiada para a reunião de dezembro, na Argélia.   Veja também: De olho nos sintomas da crise econômica  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Dicionário da crise     A Opep luta desde setembro para frear o declínio dos preços do petróleo, provocado pela desaceleração da economia mundial, que vem pressionando o orçamento do cartel do Equador ao Kuwait. Desde que a Opep anunciou os planos de cortar a produção em 1,5 milhão de barris por dia no final de outubro, os preços caíram cerca de 16%. O que mudou fundamentalmente desde aquela reunião é a expectativa de que a desaceleração econômica global será mais duradoura e a recuperação econômica, quando acontecer, será mais difícil. Hoje, às 9h50 (de Brasília), o petróleo para janeiro na Nymex eletrônica caía 1,82%, a US$ 53,45 por barril.   O líder de fato do cartel e maior exportador mundial, a Arábia Saudita, encontra-se em uma situação difícil. A maioria dos membros da Opep irá enfrentar problemas econômicos reais se os preços registrarem uma queda sustentada para abaixo de US$ 50 por barril. Ao mesmo tempo, a Arábia Saudita corre o risco de cortar a oferta e reduzir os estoques de combustível no momento em que a economia global luta contra uma crise de várias frentes.   Contudo, a capacidade da Opep de afetar o mercado tem sido mínima, uma vez que a demanda continua diminuindo nas nações mais industrializadas e o fluxo de investimentos encolhe. Até o momento, os membros da Opep parecem ter executado bem as promessas feitas em setembro de cortar a produção, relata o WSJ. Mas, com o aumento das pressões financeiras e sociais, algumas nações da Opep estão perto de um ponto de inflexão econômica, que pode fazer com que países como Venezuela, Equador e Nigéria ignorem cortes adicionais de produção.   Uma autoridade da Nigéria disse que o país não quer mais reduzir a produção, pois a Nigéria já produz abaixo da cota definida pela Opep devido aos ataques militantes à infra-estrutura de petróleo, que levaram ao fechamento de cerca de 600 mil barris por dia de produção nos últimos meses. A Nigéria produz cerca de 1,95 milhão de barris por dia, ante uma cota de 2,05 milhões. "Teríamos que produzir muito abaixo da nossa cota se a Opep cortar mais e isso prejudicaria o orçamento do governo", disse a autoridade.   O ministro de Petróleo do Equador, Derlis Palacios, disse este mês que o país tentará se isentar de cortes adicionais de produção da Opep por causa dos efeitos negativos que a produção mais baixa provocaria na receita com petróleo e na economia do país. O Equador - o menor membro do cartel em produção - caminha para um default em centenas de milhões de dólares em dívida.   Citando o declínio dos preços do petróleo e o aumento das pressões financeiras, o presidente da Angola, Eduardo dos Santos, disse esta semana que o país poderá não ter todos os recursos econômicos para implementar o plano de US$ 42 bilhões para reconstruir a infra-estrutura de Angola.   De acordo com cálculos da PFC Energy, a Venezuela é a mais atingida pela redução dos preços, pois precisa de um petróleo acima de US$ 90 por barril para manter estabilidade financeira.

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