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Deu para pagar o aluguel, mas cortei gastos, diz manicure sobre o auxílio

Luana de Santana atendia 300 clientes no mês, hoje diz que não chegam a 15; ela teme o que pode acontecer após a última parcela do benefício emergencial

Por Luisa Laval
Atualização:

Mesmo com os programas federais para enfrentamento à crise, boa parte dos trabalhadores ainda sofre com as perdas de renda e com as limitações impostas pelo isolamento social. Para muitos, o mais difícil é lidar com a incerteza com relação ao futuro.

A manicure autônoma Luana de Santana, de 27 anos, atendia cerca de 300 clientes por mês, e diz que hoje mal chegam a 15. Beneficiária do Bolsa Família, ela passou a receber R$ 1,2 mil por mês, mas mesmo assim diz que não é o suficiente para arcar com todos os custos. “Ajudou pouco, mas deu para pagar pelo menos o aluguel. Tive de cortar várias coisas, como alguns itens de alimentação, internet e transporte escolar para as crianças até o fim do ano. Mesmo que a escola volte, não vou levar os meus dois filhos.”

Luana está pessimista com a retomada da clientela já para este ano. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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Antes, Luana fazia atendimento tanto na sua casa quanto na de clientes, mas agora as recebe no quintal, para evitar que fiquem em contato com os filhos, de 4 e 10 anos. Se chover, não consegue trabalhar. Mesmo baixando o preço do serviço, ela está pessimista com a retomada da clientela até o fim do ano. “Não adianta retomar neste ano, porque está todo mundo endividado ou com medo, e não vou voltar a ter a mesma receita que tinha antes. Eu tinha pacotes semanais e quinzenais, e agora não tenho praticamente nada fixo. Já estou recebendo a quarta parcela do auxílio, e não sei como vai ser depois que terminar”, diz.

A recepcionista do centro cultural de um banco, Evelyn Souza, de 24 anos, conta que estava na expectativa de retornar ao trabalho nesta sexta-feira, após um mês de férias coletivas e dois de suspensão de contrato. Porém, nesta semana, recebeu o comunicado de que o trabalho continuaria suspenso por mais dois meses.

“É muito ruim, porque você fica em casa, sem perspectiva. Eu planejava buscar outros empregos e mudar de rumo, mas agora estou travada. Meu namorado está desempregado desde o início o ano, recebendo auxílio emergencial, e não consegue achar trabalho”, afirma.

Para lidar com o confinamento, Evelyn passou a fazer transmissões diárias de partidas de jogos eletrônicos, uma forma de se distrair e conversar com outras pessoas. “Mesmo que o meu salário não tenha sido fortemente afetado, pois já trabalhava há um tempo na empresa, é difícil lidar com esses problemas. Fazer transmissões se tornou minha válvula de escape para fugir do isolamento”, conta a recepcionista.

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