Dez terminais já concedidos enfrentam baixa ocupação

Com a forte recessão vivida a partir de 2014, a demanda projetada pelos aeroportos ficou muito distante da realidade

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Por Luciana Dyniewicz e Renée Pereira
2 min de leitura
A crise financeira no Rio também afetou o Galeão 

Às vésperas do leilão de 12 aeroportos, o movimento nos terminais de todo o País sofre para se recuperar da crise. O número de passageiros que circularam pelos dez aeroportos já concedidos à iniciativa privada cresceu 5% no ano passado. Não foi o suficiente para alcançar o patamar de 2015, quando o setor teve resultado recorde. Nos terminais que vão a leilão em 15 de março, o movimento avançou 6%.

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Com a forte recessão econômica que assolou o País a partir de 2014, a curva projetada de demanda foi ficando mais distante da realidade vivida nos aeroportos. Nos primeiros cinco aeroportos privatizados em 2012 e 2013, o número de passageiros está 34% abaixo daquele estimado nos estudos de viabilidade. “As previsões iniciais não existem mais. Hoje estamos com 2 milhões de passageiros abaixo do patamar de quando assumimos o aeroporto, em 2014”, afirma o presidente da Riogaleão, Luiz Rocha.

Com capacidade para 37 milhões de passageiros por ano, depois dos investimentos em expansão, o terminal opera com cerca de 40% de ociosidade. Rocha explica que, além dos efeitos da economia do País, o Riogaleão também sofreu com a crise fiscal do Estado, que abalou a vida financeira da população. Controlado pela Changi, de Cingapura, depois da saída da Odebrecht, o aeroporto perdeu no ano passado 1 milhão de passageiros em voos domésticos e ganhou 277 mil no internacional.

Em 2017, a companhia conseguiu reprogramar os pagamentos de outorga, com a saída da Odebrecht da concessão. Como parte do acordo com o governo federal, o grupo antecipou os pagamentos de 2018, 2019 e metade de 2020. Agora só retoma os pagamentos em 2023. “Isso deu um fôlego, mas não significa que a gente possa perder passageiros eternamente”, destaca Rocha.

Em recuperação judicial desde o ano passado, o Aeroporto de Viracopos, em Campinas, tem percebido reação positiva nos últimos sete meses. Ainda assim, o terminal está distante do melhor momento da aviação brasileira. “Os números de janeiro foram muito otimistas. Se extrapolar para o resto do ano, teremos uma boa recuperação”, diz o presidente da concessionária Aeroportos Brasil (que administra Viracopos), Gustavo Müssnich. 

A esperança dele é que a redução do imposto sobre combustível de aviação, anunciada pelo governador de São Paulo, João Dória, impulsione a demanda no aeroporto. A expectativa é que Viracopos vire opção de escala de voos para o Nordeste. Nos últimos anos, a projeção de crescimento de Viracopos foi revista de 61 milhões de passageiros para 25 milhões em 2042.

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“Houve uma frustração muito grande de demanda nos aeroportos aliada à necessidade de investimento alta. O resultado é a elevada ociosidade que vemos hoje”, diz Pablo Sorj, sócio do escritório Mattos Filho e especialista em infraestrutura e financiamento de projetos.

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