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Diante de temor com recessão global, BCs preparam ação

Por JAN DAHINTEN E ANDREW ROCHE
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Bancos centrais ao redor do mundo devem lançar novas ações coordenadas de emergência esta semana para tentar acalmar o pânico que tomou conta dos mercados financeiros, que pode agravar ainda mais por conta de dados que apontam para uma recessão global. O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, deve cortar de maneira acentuada a taxa básica de juro norte-americana, seguindo as fortes vendas de ações e o colapso das moedas de alguns países desenvolvidos e economias emergentes da Ásia e da América Latina. Os primeiros dados sobre o desempenho da economia dos EUA no terceiro trimestre, que serão divulgados na quinta-feira, devem mostrar uma contração de 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) depois de uma expansão de 2,8 por cento no trimestre anterior. "Cada vez mais, os sinais apontam para uma profunda e sincronizada recessão global", disse o economista Bruce Kasman, do JPMorgan. "Ainda é muito cedo para medir com precisão a profundidade da desaceleração uma vez que o cenário depende de quão bem as ações dos governos poderão conter a crise financeira." A probabilidade do Fed cortar a taxa de juro em 0,5 ponto percentual era calculada no domingo em 74 por cento e a chance de uma redução de 0,75 ponto era de 26 por cento. Líderes da Ásia e da Europa reforçaram a intenção neste fim de semana de dar um impulso na confiança dos investidores, que enfrentam a pior crise financeira em 80 anos. PROTEÇÃO DA ECONOMIA REAL "Precisamos usar todos os meios necessários para impedir que a crise financeira impacte sobre a economia real", afirmou o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, no sábado, durante o final de uma cúpula de dois dias entre 43 líderes asiáticos e europeus em Pequim. O presidente do banco central da China, Zhou Xiaochuan, foi citado neste domingo ao afirmar que a segunda maior economia da Ásia está em boas condições, mas precisa se prevenir para evitar riscos. Investimento em infra-estrutura e expansão da demanda do consumidor poderiam ajudar a amortecer o impacto de exportações mais fracas, afirmou Xiaochuan, acrescentando que o BC trabalhará um plano para fornecer ajuda emergencial a bancos se necessário. O ministro da Economia do Japão, Kaoru Yosano, afirmou no domingo que o governo deve aumentar seu esquema de proteção aos bancos para cerca de 10 trilhões de ienes (106 bilhões de dólares) ante os atuais 2 trilhões de ienes. A Coréia do Sul, cujos mercados e moeda tombaram com as turbulências financeiras da última semana, afirmou que precisa tomar uma ação de urgência para impulsionar a economia. Alguns analistas afirmaram que o BC local deverá cortar o juro na segunda-feira. A Arábia Saudita revelou planos para injetar 10 bilhões de riyals (2,67 bilhões de dólares) no Saudi Credit Bank, criado para concessão de empréstimos sem juros a cidadãos pobres. Governos já comprometeram cerca de 4 trilhões de dólares para apoiar bancos e restaurar as atividades dos mercados abertos na tentativa de conter a crise e estão considerando regras financeiras mais rígidas para se defenderem de qualquer repetição da atual situação. O Fundo Monetário Internacional (FMI) deve finalizar um acordo esta semana com a Islândia, onde vários bancos foram estatizados e o sistema financeiro quase ruiu. VOLATILIDADE Representantes do governo russo afirmaram neste fim de semana que o banco central da Rússia tem os meios para controlar as acentuadas flutuações na moeda do país, mas não vê necessidade para limitar movimentos de capital ou para mudar a banda de flutuação do rublo. Analistas de câmbio estrangeiro afirmam que a extrema volatilidade, que incluiu movimentos de 10 por cento em algumas taxas apenas na sexta-feira, pode fazer com que os bancos centrais do G7, ou dos 20 principais países, a intervir em breve para uma estabilização dos mercados mundiais. Mas outros analistas afirmam que os movimentos são pouco mais que a desarticulação, se bem que de modo violento, dos excessivos desbalanceamentos de moedas e de investimentos que foram montados ao longo da última década via baixas taxas de juros globais. Entre as companhias que divulgam resultados esta semana estão United States Steel, Procter & Gamble, Legg Mason, Kraft Foods, MetLife e Sun Microsystems. Na Europa, divulgam balanços Santander, Alcatel-Lucent, France Telecom e Deutsche Bank.

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