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Dieese defende jornada de 40 horas semanais

Por AE
Atualização:

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou nota nesta quinta-feira em que defende a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais. A instituição corrobora com pesquisas e números a tese de partidos como o PDT e o PCdoB, para quem a iniciativa não trará prejuízos à competitividade das empresas brasileiras nem representará aumento no custo total de produção. "O custo com salários no Brasil é muito baixo quando comparado com outros países. Assim, a redução da jornada de trabalho não traria prejuízos às empresas brasileiras", afirma a nota.De acordo com o Dieese, o custo horário da mão de obra manufatureira no Brasil é de US$ 5,96, valor muito inferior ao pago a trabalhadores da Alemanha (US$ 37,66) ou do Reino Unido (US$ 29,73). "O peso dos salários no custo total de produção no Brasil é baixo, em torno de 22%. Uma redução de 9,09% na jornada representaria um aumento no custo total da produção de apenas 1,99%", atesta a instituição. O Dieese recomenda que, junto com a redução da jornada, seja aprovada medida que coíba e limite a utilização de horas extras. "O fim das horas extras teria um potencial para gerar cerca de 1 milhão de postos de trabalho", afirma.A entidade afirma ainda que a redução do expediente de trabalho contribui para a qualificação do trabalhador, atendendo a uma crescente demanda do setor produtivo. "A redução da jornada de trabalho liberaria mais horas para que o trabalhador tivesse melhores condições de se qualificar", afirma. "Além disso, os trabalhadores dedicarão mais tempo para o convívio familiar, o estudo, o lazer e o descanso, melhorando a qualidade de vida."O Dieese conclui a nota apostando que a iniciativa "provocaria a geração de um círculo virtuoso na economia", por meio da ampliação do emprego, aumento do consumo interno e melhoria da competitividade do setor produtivo. "Enfim, um maior crescimento econômico com melhora da distribuição de renda", resume.A proposta de redução da jornada de trabalho está presente na pauta de discussões das centrais sindicais há 17 anos. Agora, em ano eleitoral, os sindicatos ameaçam fazer greves em todo o País para forçar o Congresso a aprovar a medida. Entidades patronais como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) não aceitam negociar a proposta. Os trabalhadores cobram uma data para votação da PEC, o que ainda não ficou definido. Os representantes dos trabalhadores dizem que estão dispostos a negociar uma forma gradativa para reduzir a jornada para 40 horas.

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