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Diferença entre juros do Fed e BCE é muito grande, diz Lagarde

Por FRANCOIS MUR
Atualização:

A ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, afirmou neste domingo que a diferença entre as taxas de juros nos Estados Unidos e na zona do euro é muito grande e pediu uma mudança na política de juros no outro lado do Atlântico ou na Europa. Com a inflação na zona do euro em 3,6 por cento, sua maior medida desde o início do bloco em 1997, o Banco Central Europeu manteve sua taxa de juros em 4 por cento, apesar dos sinais de desaquecimento econômico na zona do euro. Enquanto isso, o Federal Reserve agressivamente cortou sua taxa de juros seguidas vezes, deixando-a atualmente aos 2,25 por cento. "Estamos numa situação delicada onde temos, de um lado, o Fed, que tem uma política de baixas taxas de juros, e o BCE, que manteve as antigas taxas", afirmou Lagarde na rádio RTL e na TV LCI. "A diferença entre os dois, parece a mim, ser um pouco grande demais para o momento", colocou. Quando perguntada sobre o que deve ser feito, Lagarde apontou: "Ou temos uma política de juros mais flexível nos atuais níveis na Europa ou uma política diferente na América. A diferença atual entre as duas é o problema". Paris tem sido uma voz crítica ao que o presidente Nicolas Sarkozy chamou de foco do BCE somente no combate à inflação -- e havia sido criticado anteriormente pela Alemanha por se intrometer em assuntos que dizem respeito a um banco central independente. Mas uma recente onda de altas que fez o euro atingir recordes contra o dólar na semana passada fizeram autoridades econômicas da França e o ministro da economia alemã afirmarem que o BCE deve levar a valorização do euro em consideração quando for estabelecer a política monetária. No domingo, o ministro francês das relações européias, Jean-Pierre Jouyet, afirmou ainda que o BCE deve olhar para o crescimento. "Cabe ao BCE decidir entre crescimento e inflação", disse Jouyet à rede de TV e rádio BFM. "Deve-se levar em conta ainda os elementos que irão existir em termos de crescimento e as estimativas que são feitas para a zona do euro", acrescentou. Perguntado sobre a evolução das relações de Sarkozy com o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, durante a presidência da França na União Européia no segundo semestre, Jouyet colocou que as visões de Sarkozy estão ganhando terreno, sem especificar o que elas eram. "Sarkozy irá manter sua visão. Tudo o mais foi isolado no início, ele é cada vez mais apoiado em suas posições, notadamente relativo às taxas cambiais", disse Jouyet. "Não há divergência na Europa sobre os aumentos muito rápidos no euro, que temos que ser cuidadosos e que precisamos reforçar a cooperação internacional nesta área". Lagarde reiterou ainda a promessa de Sarkozy de equilibrar o orçamento francês em 2012. "Faremos de tudo para cumprir isso", concluiu. (Reportagem adicional de Gerard Bon) REUTERS RB MTX

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