A presidente Dilma Rousseff garantiu nesta quarta-feira, 16, o que as reservas internacionais foram construídas "a duras penas" e "com grande esforço" durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dela e que há a consciência do papel que as reservas desempenham para a economia. "Nós jamais teremos uma pauta de uso dessas reservas para algo que não seja proteção do País contra flutuações internacionais", afirmou, durante coletiva de imprensa para comentar a chegada de Lula para o posto da Casa Civil. As reservas internacionais brasileiras estão atualmente perto de R$ 372 bilhões, de acordo com o Banco Central.
Dilma disse ainda especulações sobre uso de reservas "só beneficiam os poucos que lucram" com os boatos. "Continuamos firmes, tranquilos e seguros com nossas reservas internacionais", afirmou, destacando que as reservas "também podem ter um papel com relação a dívida".
O uso das reservas internacionais para reativar a economia é motivo de discordância dentro do governo. Na segunda-feira, depois de participar de uma reunião com a presidente Dilma, o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner - agora substituído pelo ex-presidente Lula - disse que o governo avalia usar um terço das reservas para abater a dívida pública federal. Em janeiro, o estoque da dívida atingiu R$ 2,749 trilhões.
A medida, contudo, enfrenta resistência tanto do Ministério da Fazenda quanto do Banco Central. Um integrante da equipe econômica faz até a comparação do Brasil com a China para ressaltar a importância das reservas como proteção às oscilações da economia mundial. Desde o ano passado, lembrou, a China vem perdendo em torno de US$ 100 bilhões por mês em reservas por causa das consequências da mudança em sua política cambial.
Estabilidade fiscal. A presidente destacou o papel do ex-presidente Lula no governo e afirmou que na trajetória do ex-presidente ele sempre demonstrou compromisso com estabilidade fiscal e controle de inflação. "Não é meramente retórico e se expressa numa significativa atuação nos 8 anos do governo dele", afirmou. "Quando Lula assumiu o governo nossas reservas não davam para pagar vencimentos de dívidas."
Em relação à condução da política econômica e críticas do seu partido, Dilma afirmou que "no que se refere ao crédito, nós fizemos um grande esforço para criar o crédito, que é uma coisa importante, e isso eu acho que não é a posição do PT, mas de toda a base aliada inclusive oministro Nelson (Barbosa) fez um anúncio neste sentido", afirmou, destacando o esforço de ampliar o crédito tanto para capital de giro como para pequenas e médias empresas. (Colaboraram Eduardo Rodrigues e Irany Tereza)