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Dilma procura substituto para oficializar saída de Levy

Auxiliares dão como certa a troca do ministro, que pode ocorrer antes mesmo do Natal; Armando Monteiro e Nelson Barbosa estão entre os cotados para a vaga

Foto do author Vera Rosa
Por Tania Monteiro , Vera Rosa e Isadora Peron
Atualização:
Levy deu sinal de que está deixando o governo Foto: André Dusek/Estadão

O anúncio da saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, só não foi ainda oficializado porque a presidente Dilma Rousseff ainda não conseguiu definir o nome que irá substituí-lo. Auxiliares diretos da presidente dizem que a substituição poderá acontecer a qualquer momento, com grandes chances de ser antes do Natal. Embora não fosse o motivo do encontro, na quarta-feira à noite, a saída de Levy foi um dos temas tratados na reunião da presidente Dilma com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, três ministros e o presidente do PT, Rui Falcão, no Palácio da Alvorada, que terminou perto da meia noite.

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O ex-presidente Lula, que vinha batendo na tecla e insistindo em emplacar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, agora, demonstra simpatia pelo senador Armando Monteiro, atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Um grupo de senadores também trabalha pelo ex-presidente da Confederação Nacional de Indústria (CNI). Lula já conversou com uma série de pessoas sobre Monteiro e recebeu boas referências dele, embora sempre existam prós e contras. O fato de ser um político cordato, com jogo de cintura, está entre os prós. Ele não ser um homem de mercado, pode ser um contra, mas que acham que isso pode ser revertido. No Congresso, há quem divulgue que toda empresa que ele pega, quebra. Mas a abertura de uma vaga na Esplanada para acomodações políticas também ajudaria na decisão pelo nome.

Enquanto a simpatia e Lula por Monteiro é divulgada, os petistas trabalham arduamente para que Dilma opte por uma solução caseira, limitando-se a transferir Nelson Barbosa do Planejamento, para a Fazenda. Essa ideia, no entanto, é rejeitada por muitos outros setores do governo.

Esta semana, chegou-se a dizer que o currículo de Otaviano Canuto, diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional estava sobre a mesa do gabinete da presidente Dilma no Planalto, sob apreciação. O fato é que a presidente já estava em busca do substituto de Levy e estava tentando evitar que fosse surpreendida com uma nova ameaça ou saída súbita dele, prejudicando ainda mais o clima político que toma conta do País, com o andamento do seu processo de impeachment no Congresso.

A gota d'água para o tempo de Levy ter chegado ao fim mais rapidamente foi a nota do Ministério da Fazenda divulgada na quarta-feira sobre o rebaixamento do Brasil pela Fitch, além do fato dele estar fazendo festinhas de despedida, enquanto o Planalto precisava dizer que ele ainda possuía a confiança do governo, para não piorar ainda mais o quadro econômico. A presidente Dilma e auxiliares diretos dela ficaram muito irritados com o trecho inicial da nota que diz que, nas palavras de um interlocutor "deu razão à agência de risco" ao rebaixamento do Brasil. O Planalto não gostou também dele sugerir, de acordo com a forma como o texto foi elaborado, que faltava determinação do governo em implantar medidas pata corrigir o déficit orçamentário de 2016. As ironias do ministro com várias questões também deixaram de ser bem vindas e bem vistas há muito tempo.

A despedida de Levy do Conselho Monetário Nacional foi só mais uma certeza de que a solução terá de ser ainda mais rápida do que o Planalto esperava.

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