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Dinheiro do pré-sal começa a chegar ao governo em 2016

No próximo ano, estatal PPSA deve começar a vender a parcela do petróleo do pré-sal que pertence ao governo

Por Antonio Pita e
Atualização:

RIO - A produção de petróleo e gás natural no pré-sal vai começar a engordar o caixa da União a partir do ano que vem. Em 2016, a Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA) inicia a venda da parcela de petróleo que cabe ao governo, como previsto no contrato de partilha firmado em todos os blocos localizados no polígono do pré-sal, uma área localizada no litoral entre o norte do Espírito Santo e o sul de Santa Catarina. Para assumir sua nova atribuição, a PPSA está montando um departamento de comercialização, que deve estar pronto até o fim deste ano.

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O comércio de petróleo pela União a partir de 2016 será um ensaio para o “boom” projetado para acontecer de fato a partir de 2026 e durar até 2030, quando o campo de Libra, na Bacia de Santos, alcançar o pico de produção. O esperado, segundo o diretor de Gestão de Contratos da PPSA, Renato Darros, é que, na próxima década, apenas a fatia do governo no pré-sal chegue a um intervalo de 300 mil a 700 mil barris diários.

“Isso é muito dinheiro, a depender do preço do petróleo. O grosso vem com Libra e com os excedentes da cessão onerosa (reserva concedida à Petrobrás pela União, em regime de partilha)”, afirmou Darros. Se alcançado o volume máximo, a PPSA vai ganhar musculatura equivalente à da Petrobrás atualmente. A petroleira estatal produziu 798 mil barris diários de petróleo no pré-sal na média do mês de julho.

O volume que será repassado à União a partir do ano que vem corresponde ao que na Lei da Partilha (12.351/2010) está classificado como “excedente em óleo”, a diferença entre os ganhos com produção e custos, repartida entre os sócios - entre eles, o governo federal. O pagamento funciona como uma compensação pela autorização dada às companhias petroleiras para produzir nas reservas do polígono do pré-sal.

Pela legislação, a PPSA vai poder vender diretamente o petróleo ou contratar a Petrobrás para assumir o papel de comercializador. A definição do modelo a ser adotado ainda está sendo discutida com o Ministério de Minas e Energia (MME) e com o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Função. A PPSA tem hoje duas atribuições: gerir os contratos de partilha, acompanhando os gastos nos projetos, e definir o que deve ser feito sempre que as reservas ultrapassarem os limites geográficos previstos em contrato. Nesse último caso, a empresa trabalha com duas alternativas. A descoberta pode ser leiloada ou o mesmo consórcio do campo original pode ser autorizado a explorar e produzir na área excedente, processo conhecido como unitização. Até o fim do ano, a PPSA quer concluir o acerto de contas com as petroleiras pelas áreas unitizadas e também pela produção da primeira reserva de pré-sal descoberta no Brasil, o campo de Lula, na Bacia de Santos. O saldo entre ganhos com produção e gastos vai determinar o volume que ficará com a União.

“Nosso viés é ‘business’. Quanto mais rápido os projetos andarem, melhor. Quanto mais rápido Gato do Mato entrar em leilão, quanto mais rápido Carcará entrar em leilão, melhor para o fluxo de caixa da União”, disse Darros. Gato do Mato e Carcará são campos operados pela Shell e pela Petrobrás, respectivamente, e que passaram por processo de unitização.

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Estatal tenta cortar custos de exploração em Libra

Em período de crise econômica, ainda mais intensa na indústria petroleira por causa dos baixos preços do petróleo, a União trabalha para cortar os custos de exploração do campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos. Em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o diretor de Gestão de Contratos da Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), Renato Darros, reforça que o trabalho da estatal representante dos interesses do governo nos projetos do pré-sal não é “carimbar nota fiscal” apresentada pela operadora de Libra, a Petrobrás, responsável pelas compras.

Segundo o executivo, se a PPSA “se sentir desconfortável com alguma coisa, chama auditoria externa”. A primeira será ainda em 2015, para avaliar os gastos feitos até então. Mas, segundo Darros, a contratação de auditoria segue os trâmites normais previstos em lei, e não foi uma opção a qualquer desconfiança de que a Petrobrás esteja gastando excessivamente. Nesses primeiros anos de trabalho, os custos foram basicamente de mão de obra no planejamento, uma fase menos dispendiosa do que a de desenvolvimento da produção. Ainda que os custos sejam menores nessa primeira fase, o acompanhamento das contas é “uma obrigação” da PPSA, segundo Darros. Além da petroleira estatal, dona de 40% e operadora do projeto, fazem parte do consórcio a Total (20%), Shell (20%), e as chinesas CNOOC (10%) e CNPC (10%).

As empresas que não são operadoras “não colocam fiscais na sonda ou unidade de produção para controlar cada item. Existe uma relação de confiança, relatórios, monitoramento. Com o nosso corpo técnico extremamente pequeno, não dá para imaginar que vamos estar fiscalizando tudo. É um trabalho de gestão”, relata o executivo da PPSA. “A gente participa das decisões, não da operação.”

O mau momento da indústria, que está abandonando projetos de exploração e produção no mundo todo, está derrubando também o preço dos equipamentos. “Houve algum ganho de oportunidade em Libra, algumas coisas foram revistas”, contou Darros.

A PPSA, segundo seu diretor, busca hoje menores custos de perfuração com a contratação de sondas “que não sejam tão caras”. Ao mesmo tempo, admite que, em projetos de dimensões como o de Libra, mudanças de rota são mais difíceis. “Os contratos (em Libra) são de longo prazo. É um jogo complicado esse.”

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