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Dirceu nega divergência com Palocci, mas volta a falar de juros

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse hoje que pelo tratamento que lhe é dado não pode discutir a política econômica do País. Ao abrir sua exposição no seminário Desafios da Economia Brasileira, o ministro afirmou que se ateria à formalidade e faria um pronunciamento bem comportado, mas antes faria uma observação "não tão comportada". Ele falou que as críticas que fez à política econômica na última segunda-feira, no Fórum de Economia da FGV, foram interpretadas como uma contestação à atual política macroeconômica e também uma disputa com o ministro da Fazenda Antonio Palocci. Porém, ao encerrar o pronunciamento em que falou de reformas, investimentos e infra-estrutura, Dirceu voltou à carga. Logo após questionar o porquê da manutenção da taxa de juros reais - juros nominais descontada a inflação - em 10,5% ao ano, propondo que ela seja de 6% ou ainda menor, o ministro disse que sua opinião sobre o assunto (política monetária) já é pública e notória. Ele ponderou que o BC trabalha para atender a uma meta fixada pelo Ministério da Fazenda, que tem a sanção do presidente da República. "Não adiante reclamar", disse, defendendo, no entanto, que o País discuta as políticas em andamento. Havia espaço para falar de juros Antes do novo questionamento à política monetária feita hoje, Dirceu havia dito que já remeteu a íntegra de seu pronunciamento na FGV a Palocci e afirmou ainda que pretende enviá-la também à diretoria do Banco Central (BC). Segundo Dirceu, os pronunciamentos anteriores ao seu, do ex-ministro Delfim Netto e do ex-presidente do BC, Ibrahim Eris, na semana passada, que criticaram a alta dos juros, comprovam que havia espaço para discussão do assunto. "Mas eu não posso discutir porque se transforma em uma disputa política", completou. O ministro admitiu ainda que há divergências no governo, debates, mas que há também disciplina. "Dei minha opinião e não abri mais a boca", afirmou, comparando a situação às decisões do Poder Judiciário, que devem ser cumpridas e respeitadas. Em seguida, o ministro afirmou que o País já tem conflitos demais para que se crie mais um em torno da gestão da política econômica. Segundo ele, o ministro Palocci conhece sua posição, mas sabe também que tem na Casa Civil, uma retaguarda forte para apoiar a política econômica.

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