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Diretor de Itaipu defende que preço de energia é 'justo'

Jorge Samek não vê qualquer motivo para que Brasil e Paraguai revejam o tratado que foi assinado em 1973

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Por Redação
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O diretor-geral brasileiro da  Itaipu Binacional, Jorge Samek, considerou nesta terça-feira, 22, que é "justo" o preço pago pelo Brasil ao Paraguai pela energia cedida pelo país vizinho. É o valor que, segundo ele, garante o pagamento da dívida feita por conta da construção, a distribuição de royalties e a produção de energia.   Veja também: Entenda o Tratado de Itaipu e a reivindicação do Paraguai  Brasil admite negociar tarifa de Itaipu  Lugo quer iniciar revisão do Tratado de Itaipu 'o mais rápido possível'   Consumidor brasileiro é quem deverá pagar a conta     Desta forma, Samek não vê qualquer motivo para que os dois países revejam o tratado que foi assinado em 1973 e que prevê uma revisão somente em 2023, quando a dívida de sua construção estiver totalmente paga. "Ele pode ser revisto desde que haja uma catástrofe, um desequilíbrio financeiro, o que não é o caso", acentuou.   No entanto, Samek considerou "normal" que o tema relacionado a Itaipu tenha sido novamente discutido durante uma campanha eleitoral no Paraguai, o que historicamente é feito desde sua construção. "É uma empresa que hoje tem seu valor de mercado em US$ 60 bilhões, dos quais US$ 30 bilhões são do Paraguai, enquanto o PIB paraguaio é inferior a US$ 10 bilhões", ressaltou.   "O cara que não colocar Itaipu como primeiro ponto de sua plataforma eleitoral tem que ficar em casa". Para ele, com o direito que o Paraguai tem na produção de Itaipu é um dos únicos países que não precisam se preocupar com energia até 2040, independentemente do crescimento econômico.   Em relação aos valores pagos ao Paraguai, Samek destacou que Itaipu produz anualmente cerca de 90 milhões de megawatts/hora. Pelo tratado, metade fica para o Brasil e a outra metade para o Paraguai, que utiliza apenas 8 milhões de megawatts/hora. O restante, por força do próprio acordo, tem que ser vendido compulsoriamente ao Brasil. Ainda segundo Samek, a energia que fica no território brasileiro chega à Eletrobrás a US$ 39 o megawatt/hora. De acordo com o diretor-geral brasileiro, esse valor representa o "custo Itaipu", referente ao pagamento da dívida, dos royalties, da cessão de energia e da operação da usina.   Já ao Paraguai, a energia representa US$ 41,80 o megawatt/hora. "São acrescidos mais US$ 2,80 por megawatt/hora, o que rende US$ 120 milhões a mais por ano", destacou Samek. Desse valor, US$ 39 vão para o pagamento do "custo Itaipu". "Ele (o presidente eleito Fernando Lugo) deu a entender que o Brasil só pagava US$ 2,80 pelo megawatt/hora, quando, na verdade, custa US$ 41,80", afirmou. "Portanto, está na média do preço da energia paga no Brasil."   Ele destacou também que, desde 2003, Itaipu regularizou todas as contas e está totalmente em dia no pagamento da dívida e repasse de royalties. "Ainda falta pagar o restante da dívida, mas escalamos a montanha e agora é só descida", afirmou.   Samek disse que o faturamento de Itaipu é de US$ 3,2 bilhões. Desse valor, 75% são destinados ao pagamento da dívida e juros da construção da usina. Outros 14% referem-se aos royalties e apenas 11% ficam disponíveis para a operação e modernização da usina. Em razão dessa equação, o diretor-geral reforça sua tese de não necessidade de qualquer revisão sobre o tratado. "Não tem que se alterar uma engenharia financeira e jurídica que está dando tão certo", destacou. A expectativa é que, a partir de 2023, quando a dívida estiver paga, cada um dos países receberá, a valores de hoje, US$ 1,6 bilhão por ano.   Em Curitiba, o governador do Paraná, Roberto Requião, que torcia pela vitória de Lugo, disse que todas as discussões que o Paraguai tiver que fazer com o Brasil serão feitas "sob o signo da fraternidade". O secretário de Comunicação Social do Paraná, Ayrton Pisseti, foi um dos integrantes da equipe de campanha do presidente eleito. "O Fernando Lugo Méndez deve esperar do Paraná o que se espera de um companheiro", ressaltou Requião.

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