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Diretor-gerente do FMI critica Venezuela e elogia o Brasil

Rodrigo de Rato ressaltou a estabilidade macroeconômica e a redução de pressões inflacionárias do País e criticou as medidas econômicas de Chávez

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo de Rato, criticou nesta terça-feira, 16, as medidas econômicas anunciadas pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e elogiou o desempenho da economia brasileira. "O governo (venezuelano) tem de levar em conta que decisões com objetivos de curto prazo, para aumentar a receita do governo, podem ir contra decisões de médio prazo, de aumentar investimentos; e, do ponto de vista de crescimento, investimento é um elemento muito mais importante", disse Rato, fazendo a ressalva de que não conhece detalhes da estatização anunciada por Chávez e não quer fazer "julgamentos ideológicos". "Aconselharíamos o governo venezuelano a manter as condições de investimento estáveis; se o governo decidir mudar a propriedade dos meios de produção, na nossa opinião, isso tem que ser feito de forma ordenada", disse. Rato criticou também a iniciativa de Chávez de acabar com a autonomia do Banco Central. "Nós acreditamos que a autonomia do Banco Central é um elemento muito importante da estabilidade macroeconômica em qualquer país", afirmou. Ele citou o Brasil, México e Colômbia como exemplos de como "uma maior independência do Banco Central" favorece a política antiinflacionária. O diretor-gerente do Fundo elogiou a política econômica brasileira. "No Brasil, vimos um desempenho muito bom em termos de estabilidade macroeconômica e redução de pressões inflacionárias", disse Rato. Ele afirmou que o Fundo compartilha da agenda do governo brasileiro de aumentar o crescimento econômico, mantendo estabilidade macroeconômica. Rato, porém, afirmou que para o Brasil entrar em rota de crescimento sustentado será necessário não apenas o ajuste fiscal que o Brasil vem realizando. "O desafio é a qualidade do ajuste fiscal, em termos de gastos sociais e em infra-estrutura." Ele afirmou que prefere não especular sobre as declarações do presidente eleito do Equador, Rafael Correa, que anunciou a intenção de renegociar a dívida do país e acabar com a independência do Banco Central. "Uma equipe do Fundo esteve com o ministro Patiño e ele disse que ainda não foram tomadas decisões sobre esse assunto." O líder do Fundo fez uma advertência aos países latino-americanos que vêm se beneficiando dos altos preços do petróleo. "As oportunidades proporcionadas pelo alto preço do petróleo deveriam ser base para transformação estrutural e aumento de transparência." Mas, de forma geral, ele vê um cenário benigno para a região, que cresceu 5% no ano passado, o crescimento mais vigoroso desde os anos 70. Otimismo O Fundo está otimista em relação às perspectivas de crescimento da economia mundial e acredita que há menos riscos, na comparação com o meio do ano. "Acreditamos que o crescimento global vai continuar sólido em 2007, aproximando-se de 5%", disse Rato. No ano passado, segundo estimativas do Fundo, a economia global cresceu 5,1%. "A queda do preço do petróleo reduziu riscos de demanda agregada e pressão inflacionária." Segundo ele, aumentou a probabilidade de a desaceleração econômica dos Estados Unidos ser uma "aterrissagem suave", e não um "pouso abrupto", porque a queda dos preços de energia possibilitaram redução do desemprego e aumento do consumo, e o país está lidando bem com a retração do mercado imobiliário. Ele também acha que as possibilidades de uma "contaminação" da desaceleração econômica americana são menos prováveis. "A recuperação econômica da Europa se ampliou e o Japão voltou a dar sinais de crescimento, depois de uma desaceleração; os países emergentes, principalmente China e Índia, continuam vigorosos." Para Rato, o desequilíbrio global ainda representa um risco, embora menos iminente. O diretor-gerente do fundo voltou a exortar a China a valorizar sua taxa de câmbio. Rato citou que o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan está coordenando um grupo de estudos sobre possível colaboração entre o Banco Mundial e o FMI, e Andrew Crockett deve entregar em breve o relatório sobre alternativas de financiamento das atividades do Fundo.

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