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Diretoria do BC muda pela terceira vez no ano

Foram indicados três funcionários de carreira do Banco Central, o que tornará o Copom ainda mais suscetível à influência do seu presidente

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes e Renata Veríssimo
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou ontem a terceira mudança este ano na diretoria da instituição. Foram indicados três funcionários de carreira do BC: Maria Celina Berardinelli Arraes, que assumirá a diretoria de Assuntos Internacionais; Alvir Alberto Hoffmann, para a diretoria de Fiscalização; e Anthero de Moraes Meirelles, para Administração. Como os novos diretores são da casa, as mudanças tornam o Comitê de Política Monetária (Copom) ainda mais suscetível à influência do presidente do banco, reforçando o perfil conservador das decisões sobre os rumos dos juros. É a 14ª substituição feita por Meirelles em quase cinco anos de gestão. A reformulação veio uma semana depois de o Copom interromper a trajetória de queda dos juros em meio às críticas de setores da sociedade. Ao anunciar as mudanças, Meirelles negou que tivesse havido algum racha na diretoria por causa da decisão do Copom. ''''Não foi o caso.'''' Ele também não espera reação negativa do mercado. O anúncio foi feito no início da noite, após o fechamento do mercado. A troca na diretoria amplia de sete para oito o número de integrantes do Copom. Isso porque o diretor de Liquidações e Desestatização, Antônio Gustavo Matos do Vale, acumulava desde outubro de 2006 a diretoria de Administração, que agora ficará com Anthero. Em caso de empate nas decisões do Copom, Meirelles terá o voto de Minerva. Meirelles disse que discutiu as mudanças com o Ministério da Fazenda e afirmou que a troca faz parte de um processo rotineiro de evolução dos profissionais. Os nomes dos novos diretores ainda terão de ser aprovados pelo Senado. Com menos de dois anos no BC, o atual diretor de Assuntos Internacionais, o economista Paulo Vieira da Cunha, só deixará o cargo em janeiro, quando retornará aos Estados Unidos, onde mora sua família. Segundo Meirelles, o anúncio foi feito agora para evitar especulações, já que ele já sinalizara a vontade de deixar o governo. Vieira da Cunha chegou ao BC em maio de 2005 diante de grande expectativa por sua vasta experiência internacional e reforçando o perfil mais conservador do Copom. Meirelles negou que a saída de Vieira da Cunha esteja relacionada a uma insatisfação com a proposta do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de criar um fundo soberano de reservas internacionais, ou com o esvaziamento da diretoria com a transferência das captações externas do BC para o Tesouro. Maria Celina será a segunda mulher a ocupar uma diretoria do BC depois de Tereza Grossi. Durante 25 anos no Banco Central, ocupou, entre outros, o cargo de secretária-executiva. Anthero ocupava a gerência regional do BC em Belo Horizonte e é professor titular de estratégia empresarial em curso de mestrado. Ao ser questionado se era seu parente, Meirelles negou: ''''Ainda bem que fizerem esta pergunta''''.

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