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Diretrizes do governo na Petrobras preocupam mercado

Por Agencia Estado
Atualização:

Passado o anúncio da nova diretoria da Petrobras, o mercado vê com desconfiança a mudança de direção que pode ser imposta à empresa pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. Analistas e consultores ouvidos pelo Estado afirmam que, não confirmado o loteamento político no comando da empresa, a maior preocupação agora é com as decisões de investimento que serão tomadas pelo governo federal e que tipo de efeito terão sobre a rentabilidade da empresa. Esta semana, o governo deve começar a definir as indicações para subsidiárias e gerências da estatal. "A diretoria não é mais problema, veio de acordo com as expectativas. O que pode preocupar são as decisões que serão tomadas pelo governo, que independem dos nomes da diretoria", afirma o analista de petróleo do banco UBS, Edmo Chagas. O analista do Unibanco, Cleomar Parisi, concorda. "Pode haver uma mudança de agenda em relação à empresa, que vinha com foco no retorno ao acionista e agora pode voltar para outras questões, contrárias, como o represamento de preços, a construção de refinarias e a política de compras", diz. Parisi ressalva, no entanto, que uma diretoria escolhida politicamente pode facilitar a tomada de decisões sem foco empresarial. "Com nomes escolhidos politicamente fica mais fácil a concretização do risco político na empresa", avalia. Um outro analista, que preferiu não se identificar, diz que é preciso deixar claro aos diretores nomeados pelo PT que a empresa não é um sindicato e não deve ser tratada como tal. Para o consultor David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o discurso do governo com relação à empresa está bem diferente das críticas da campanha eleitoral. "Agora tem que esperar para ver o que realmente vão fazer. Tem que tratar bem a Petrobras, ela é a galinha dos ovos de ouro", afirma. Refinaria Uma das principais preocupações dos analistas diz respeito à participação da estatal na construção de uma nova refinaria no País, que já é dada como certa no ministério de Minas e Energia. Segundo relatório do Unibanco assinado por Parisi, o refino é um negócio de baixo retorno, cerca de 5%, e com margens decrescentes em todo o mundo. O planejamento estratégico da estatal prevê uma rentabilidade em torno de 15% por projeto. A escolha da direção da empresa foi cercada de polêmica, com a preocupação de um loteamento político nos cargos. Depois de anunciada, o que se viu foi um controle do PT em quase todos os cargos - a exceção foi a diretoria de abastecimento, que ficou com seu antigo ocupante, Rogério Manso. A decisão foi bem recebida no mercado, já que Manso seguiu a política de liberdade de preços imposta no governo anterior. Os petroleiros, que tinham expectativas de atuar com mais influência nas indicações, não gostaram de alguns nomes e já partiram para o ataque. Em seu boletim da semana passada, o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro), criticou a manutenção de Manso - "seguidor de políticas neoliberais" - e a condução do ex-presidente da Gaspetro, Rodolfo Landim, para a presidência da BR Distribuidora. A expectativa é que as gerências da empresa, responsáveis por tocar mais de perto os negócios, sejam ocupadas por executivos da casa, diz uma fonte próxima ao governo. Para as subsidiárias, a orientação é a mesma, mas pode ser que haja indicações políticas para alguns cargos. Neste sentido, o nome mais forte é do deputado Vivaldo Barbosa (PDT) para a presidência da Petroquisa.

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