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Dirigente do Fed não descarta chance de recessão nos EUA

Por Carolina Ruhman
Atualização:

A presidente do Federal Reserve Bank de San Francisco, Janet Yellen, afirmou que a possibilidade de os EUA caírem em recessão não pode ser descartada, após participar de painel de debates durante conferência da associação Analistas Financeiros Certificados do Havaí. "Meu resultado mais provável não é uma recessão", disse Yellen, ressaltando, no entanto, que "há uma chance razoável de uma recessão associada a minha própria previsão de crescimento mais lento". "Eu considero mais provável que a economia dos EUA viva um crescimento lento, e não uma recessão completa, nos próximos trimestres", declarou. Para Yellen, o cenário é incerto e a economia pode declinar ainda mais, mas as ações do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) "devem ajudar a promover uma retomada do crescimento ao longo do tempo". Ela avaliou que a postura do Fed "acomodatícia" é apropriada. Yellen não tem poder de voto no Federal Reserve este ano. Imóveis A dirigente do Fed avaliou que os dados sobre o mercado imobiliário "sugerem fortemente que o ciclo de queda pode permanecer ainda mais algum tempo". As taxas de inadimplência têm começado a crescer fora do setor de segunda linha (subprime) para mutuários com melhores históricos de crédito. Para ela, a tensão está começando a pesar sobre os consumidores, e se combina agora com a queda dos preços das ações e o enfraquecimento do mercado de trabalho. Renda e gastos "Crescimento mais lento do emprego terá um impacto negativo sobre a renda disponível acessível aos consumidores e trará, portanto, uma restrição adicional sobre os gastos dos consumidores", declarou. Yellen ressaltou que "olhar ao grupo completo de informação que temos sobre o mercado de trabalho sugere que nós temos um mercado de trabalho em desaceleração, e não um mercado em contração drástica". Mercado financeiro Ela alertou para um círculo vicioso no qual o crescimento mais lento coloca pressão sobre o sistema financeiro e os bancos apertam ainda mais suas práticas de empréstimos. "Um objetivo importante da política do Fed é mitigar a possibilidade de que tal reação possa se desenvolver e consolidar-se". Para a dirigente do Fed, "a turbulência nos mercados financeiros se deve a alguns problemas fundamentais que não devem ser resolvidos rapidamente". "Os efeitos destes problemas tornaram as condições de crédito mais rígidas através da maioria do setor privado da economia, e isso vai restringir os gastos de seguirem adiante", avaliou. No entanto, a situação dos mercados de títulos lastreados em ativos é mais difícil. "Eu não acho que haja uma solução rápida para os problemas que existem no mercado de securitização", avaliou Yellen, acrescentando que não acredita que "no curto prazo haja algo que o Fed possa fazer para solucionar esta crise". Inflação Com relação à inflação, Yellen notou que os últimos indicadores foram decepcionantes. O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu 2,2% nos últimos 12 meses, "algo acima do que eu considero a estabilidade de preços", declarou. Entretanto, ela espera que os efeitos combinados de um crescimento mais lento e custos menores de energia levem o índice para um nível mais apropriado de cerca de 1,75% nos próximos anos. "Eu acredito que os riscos de alta e de baixa estão a grosso modo equilibrados", avaliou. As informações são da Dow Jones.

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