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Discurso liberal do governo atraiu setor produtivo

Salim Mattar, Winston Ling e o grupo liderado por Meyer Nigri são novas referências para o Palácio do Planalto

Foto do author Renata Agostini
Por Renata Agostini e Monica Scaramuzzo
Atualização:

RIO e SÃO PAULO — Uma vertente de apoio empresarial a Jair Bolsonaro ergueu-se fora das rodas paulistanas, incentivada pela decisão do deputado de abraçar o ideário liberal. De família do ramo petroquímico no Rio Grande do Sul, Winston Ling, que mora na China, uniu-se ao movimento logo no início e acabou tendo papel importante na campanha. 

Mattar seria responsável por uma das áreas estratégicas do novo governo. Foto: Washington Alves

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Ele ajudou a aproximar Bolsonaro do economista Paulo Guedes, futuro superministro da Economia e fiador do plano econômico do próximo governo. Guedes e Ling se conheciam da militância liberal, dos encontros do Instituto Millenium e do Fórum da Liberdade de Porto Alegre. “Saí do Brasil em 1991 para investir nos Estados Unidos e desde então moro fora por conta desse pessimismo todo com a situação do País. Agora, com vitória de Bolsonaro e a ida de Paulo Guedes para o governo, estou avaliando investimentos no País e até morar no Brasil”, afirma Ling.

Dono de fintechs, Ling defende um governo menos protecionista e a redução de regulamentação e impostos para que as empresas brasileira fiquem mais competitivas. É entusiasta da plataforma econômica de Bolsonaro, mas não entrará no governo PSL.

Pela afinidade de ideias, logo foi arregimentado ao grupo bolsonarista o mineiro Salim Mattar, fundador e sócio da Localiza. O empresário apoiou no primeiro turno João Amôedo, do Novo, mas migrou para o barco de Bolsonaro. Após a eleição, Guedes o convenceu a ir além: em janeiro, assumirá a secretaria de privatizações, área estratégica do novo governo.

Mais pirotécnico dos apoiadores de Bolsonaro no meio empresarial, Luciano Hang, dono da varejista catarinense Havan, tornou-se a cara do bolsonarismo nas redes sociais com vídeos entusiasmados, tuítes diários em prol de Bolsonaro e campanha dentro de sua empresa. “Entrei na discussão política para ser um ativista. O Brasil está virado de cabeça para baixo.”

A militância deu visibilidade ao empresário e à sua rede, mas também rendeu uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina, que o acusa de ter intimidado seus funcionários a votar no candidato Jair Bolsonaro. O MPT cobra multa que pode chegar a R$ 100 milhões. Hang nega que tenha coagido os funcionários. Apoiador do presidente, ele diz que é a favor “de menos Brasília e mais Brasil”. 

Esse movimento de empresários como Mattar, Ling e o grupo capitaneado por Meyer Nigri em São Paulo, emerge como referências que serão ouvidas no Palácio do Planalto em 2019. Substituem um grupo de industriais parrudos que, por anos, teve entrada e influência sobre decisões do governo.

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