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Disputa acirrada para gerir os bilhões da tecnologia

Grupo de bilionários que surgiu com a recente onda de IPOs de empresas como Facebook anima corretores do Vale do Silício

Por RANDALL SMITH
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Quando a Microsoft se tornou uma empresa de capital aberto em 1986, seu diretor executivo e principal acionista, Bill Gates, se viu trabalhando com um corretor do Goldman Sachs, a firma de Wall Street que tinha administrado a oferta pública inicial. O corretor de San Francisco, William Hobi, ficou tão animado por ter Gates como cliente que escolheu para seu Porsche uma placa personalizada com as letras MSFT, sigla pela qual as ações da Microsoft são identificadas, usando-a por alguns anos. Os tempos mudaram, mas os bilionários da tecnologia ainda mexem com as emoções dos corretores do Vale do Silício. De acordo com a revista Forbes, as ofertas públicas iniciais (IPOs) das redes sociais, incluindo LinkedIn, Facebook e Twitter, e aquisições como a compra do WhatsApp por parte do Facebook, ao preço de US$ 18 bilhões, criaram mais de uma dúzia de bilionários. A concorrência para administrar esse dinheiro é acirrada. "Todos os dias recebo uma solicitação de contato de um gestor de finanças via LinkedIn", disse Michael Cagney, fundador e diretor executivo da Social Finance, ou SoFi, uma plataforma de empréstimos estudantis online em São Francisco que pode abrir o capital nos próximos 12 ou 24 meses. Cagney vendeu outra empresa de software financeiro, a Finaplex, em 2007, e administra um fundo de hedge. Entre os donos das fortunas em busca de gestores estão nomes como Mark Cuban, bilionário de Dallas que foi absolvido das acusações de envolvimento em transações com informações privilegiadas. A primeira testemunha de defesa, Charles McKinney, ex-corretor do Goldman e atualmente funcionário do Credit Suisse, depôs que a conta de Cuban, somando US$ 695 milhões, produzia para ele e sua firma cobranças de aproximadamente US$ 2,8 milhões.Comissão. Muitos gestores de fortunas cobram até 1% sobre os primeiros US$ 5 milhões ou US$ 10 milhões, reduzindo a taxa de administração gradualmente até 0,5% ou menos, sujeitos a negociação, para quantias superiores a US$ 100 milhões. Clientes com portfólios simples de ações e títulos podem pagar menos do que clientes com ativos mais exóticos, como fundos de hedge ou private equity. "Seria loucura ignorar a riqueza criada pelo jovem grupo da tecnologia", disse Thorne Perkin, presidente da Papamarkou Wellner Asset Management, uma consultoria para gestão de finanças com escritório na Park Avenue com clientes em São Francisco que incluem membros da família Getty e funcionários do Google donos de centenas de milhões. "Para os gestores financeiros, trata-se de uma oportunidade incrível." É claro que o Goldman e seu arquirrival, Morgan Stanley, há muito tempo líder em gestão de IPOs de tecnologia, têm a maior fatia do mercado, em parte porque seus corretores conseguem forjar laços de proximidade com os titãs da tecnologia durante o processo de preparo do IPO. Entre os clientes do Goldman há nomes como Meg Whitman, diretora executiva da Hewlett-Packard que era diretora do eBay quando o Goldman administrou a oferta pública inicial desta empresa em 1998. O Morgan Stanley administra fortunas de gente como o investidor Brook Byers e Raymond J. Lane, ex-diretor executivo da HP. Mas, há mais de dois anos, o carismático corretor sul-africano Divesh Makan, que trabalhou no Goldman e no Morgan Stanley, arrancou para si uma fatia deste mercado ao fundar sua própria firma, Iconiq Capital, atendendo a bilionários do Vale do Silício como Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg, do Facebook, e Reid Hoffman, do LinkedIn. A Iconiq é responsável hoje pela gestão de US$ 7,6 bilhões, volume que cresceu 50% nos últimos 12 meses. Makan recrutou a ajuda da Addepar, uma startup que recebeu dinheiro de um dos primeiros a investir no Facebook, Peter Thiel, que acrescenta dados analíticos personalizados aos relatórios dos clientes. Ele também trouxe clientes para uma série de startups de tecnologia em estágio anterior ao IPO, incluindo o Alibaba Group, gigante chinês do comércio eletrônico que deu entrada no processo de abertura do seu capital. O preço anunciado para seus serviços não é barato. Ele cobra anualmente até 1,5% do valor dos ativos colocados sob sua responsabilidade; mas, com base na quantia em suas contas, todos os seus clientes pagam menos da metade disso. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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