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Disputa das montadoras por vendas chega ao fim do ano sem liderança definida

Considerando os veículos comercializados até outubro, a GM está na frente, mas com uma diferença mínima, de 1,5 mil carros, em relação à vice, Volks; a Fiat vem ganhando posições nos últimos dois meses

Foto do author Eduardo Laguna
Por Eduardo Laguna (Broadcast)
Atualização:

A disputa das montadoras mais populares do País pela liderança nas vendas de carros chegou à reta final do ano em raríssimo quadro de indefinição. Numa situação normal, a liderança já estaria, neste momento, mais do que encaminhada, mas, neste atípico ano de pandemia, General Motors (GM), Volkswagen e Fiat seguem coladas.

Atualmente, assim como nos últimos quatro anos, a liderança está nas mãos da GM, porém com uma diferença mínima, de apenas 1,5 mil carros - ou o equivalente a 0,1% do mercado -, sobre a vice Volks. A tendência é que a liderança fique entre essas duas marcas, com a Fiat correndo por fora.

Fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista Foto: Clayton de Souza/AE

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Para voltar a ser a número 1 em vendas, posição que ocupou por 11 anos ininterruptos até 2015, a montadora italiana precisará tirar uma diferença que é de menos de 15 mil carros em relação à hoje líder GM - descontando, claro, as vendas da Jeep, marca que daria vitória folgada para a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) num ranking de grupos automotivos.

Não será fácil, mas a possibilidade está longe de ser descartada, já que a Fiat vem ganhando posições nos últimos dois meses.

Os cálculos acima têm como base as vendas de janeiro a outubro divulgadas nesta semana pela Fenabrave, a associação que representa as concessionárias de automóveis. Pelas estatísticas disponíveis da entidade, que começam em 2003, nunca as três maiores marcas de carros do País chegaram ao momento decisivo do ano com uma diferença tão apertada quanto agora.

Deve ganhar a briga quem conseguir ser mais competitivo não apenas em preço, diante de um dólar que encareceu o custo de produção, mas também em oferta de produtos, dado que as linhas de montagem vêm sendo pressionadas tanto por reajustes quanto pela insuficiência de insumos como o aço.

De acordo com analistas que acompanham o mercado automotivo, a capacidade das montadoras de entregar carros a frotistas como locadoras, situação em que há vendas com descontos e uma longa fila de espera, será um fator decisivo na disputa pela liderança.

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Cássio Pagliarini, consultor associado da Bright Consulting, diz que a GM, que vinha confirmando a liderança até o fechamento do primeiro semestre, permitiu a aproximação dos principais concorrentes ao "tirar o pé" nas vendas diretas a clientes como locadoras, na intenção de recuperar a rentabilidade perdida por um dólar que chegou a se aproximar dos R$ 6,00.

A Volkswagen, observa Pagliarini, cresceu nas vendas a clientes que têm alguma dificuldade física para conduzir automóveis - as chamadas vendas PCD (para pessoa com deficiência), que contam com isenções tributárias -, ao mesmo tempo em que a Fiat, diferentemente da GM, aumentou a agressividade nas vendas diretas, assim como capturou uma parcela de consumidores de utilitários esportivos com a nova geração da picape Strada.

"A Fiat percebeu que tinha um campeão nas mãos e atacou a partir de setembro. Os sinais dos últimos dois meses sugerem que a Fiat tem toda a intenção de voltar a ser líder ainda neste ano", comenta o consultor da Bright.

Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics, concorda que a Fiat segue no páreo. "A Fiat está vendendo bem com a Strada, que está num segmento aquecido. Eu não descartaria a volta à liderança."

Para não perderem mercado por falta de carros, tanto a GM quanto a Volks vêm convocando jornadas de produção aos sábados, enquanto a Fiat informa que tem, excepcionalmente, recorrido a horas extras.

Na avaliação de Pagliarini, o grande ponto de interrogação sobre essas montadoras no momento deve ser em quanto elas estão dispostas a sacrificar em rentabilidade para cruzar primeiro a linha de chegada.

"Até que ponto vale sacrificar a rentabilidade e correr o risco de errar a mão na produção e acabar o ano com excesso de estoque? Esta é a discussão que está na mesa", afirma o consultor.

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