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Distribuidoras dizem que conta de luz não cobre custo nem com alta em bandeira

Entidade que representa setor diz que apesar de reajuste de bandeira, conta deve ficar mais cara no ano que vem

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Por Redação
Atualização:

As distribuidoras de eletricidade têm sofrido com custos maiores do que arrecadam junto aos consumidores nas contas de luz, e a situação deve permanecer assim mesmo após uma elevação no valor das bandeiras tarifárias que pesam sobre as faturas, disse o presidente da associação que representa investidores do setor.

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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta semana uma alta de quase 40% nos custos da bandeira tarifária vermelha patamar 2, atualmente vigente devido à falta de chuva na área dos reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de energia do Brasil.

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Bandeiras tarifárias foram criadas para incentivar um consumo menor e ao mesmo tempo arrecadar recursos para que as distribuidoras paguem pela geração de termelétricas mais caras. Foto: JONNE RORIZ/ESTADÃO - 7/12/2007

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Criadas em 2015, as bandeiras tarifárias geram uma cobrança adicional nas contas quando a oferta de energia é baixa, para incentivar um consumo menor e ao mesmo tempo arrecadar recursos para que as distribuidoras paguem pela geração de termelétricas mais caras, que têm sido acionadas devido à situação crítica das usinas hídricas.

O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, afirmou que a mudança nas bandeiras tarifárias gera uma receita adicional de cerca de R$ 1 bilhão para as distribuidoras até o final do ano, enquanto o custo estimado com a compra de energia térmica no período é de cerca de R$ 6 bilhões.

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"Só isso não resolve o problema. Serão necessárias medidas adicionais", disse Leite.

Ele afirmou que as distribuidoras já apresentaram uma proposta à Aneel para resolver o déficit de caixa com o menor impacto possível sobre os consumidores, mas ainda assim o problema poderá gerar elevações adicionais nas tarifas.

O cenário deve-se basicamente ao baixo nível dos reservatórios das usinas hídricas, que exige um uso mais intenso de termelétricas que o esperado inicialmente, com custos mais elevados e que não estavam previstos nas tarifas.

Segundo Leite, existe o risco de as distribuidoras não terem recursos para pagar a energia gerada pelas termelétricas.

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As distribuidoras devem pagar as térmicas em 8 e 9 de novembro, quando a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) realizará a liquidação das operações do mercado de energia referentes a setembro.

"Estamos pedindo para postergar a liquidação, do início para o final do mês, para dar mais tempo de as distribuidoras arrecadarem. Estamos sugerindo no último dia útil de novembro", disse Leite.

As distribuidoras também querem convencer a Aneel a repassar a elas recursos de um fundo setorial, a Conta de Energia de Reserva, abastecida com recursos gerados pela venda da energia de usinas de energia renovável contratadas pelo governo nos chamados "leilões de reserva".

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Leite estimou que o fundo setorial poderia liberar cerca de R$ 1 bilhão adicionais para as distribuidoras.

Mesmo com essas medidas, segundo o dirigente da Abradee, algumas concessionárias ainda podem precisar de um reajuste extraordinário de tarifas para fechar o ano.

"Ainda não resolve a situação de algumas distribuidoras... nesse caso, estaríamos falando de uma revisão extraordinária... para que a distribuidora possa se reequilibrar e evitar uma situação de inadimplência", afirmou o dirigente, sem citar empresas.

Procurada pela reportagem, a CCEE, que administra a Conta de Energia de Reserva, informou que o fundo tem saldo atual de 981 milhões de reais. A CCEE disse que está ciente do pleito das distribuidoras e aguarda decisão da Aneel. /REUTERS

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