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Distribuidores de gás propõem uso de óleo em térmicas

Por Nicola Pamplona , Monica Ciarelli (Broadcast) e RIO
Atualização:

A Associação Brasileira das Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) defendeu ontem a utilização de óleo combustível em térmicas como única alternativa viável para evitar novos racionamentos de gás, como o ocorrido no início do mês no Rio e São Paulo. "O consumidor não pode ser penalizado por ter acreditado em um combustível de queima limpa, mais barato e que melhora seus produtos", afirmou o presidente da entidade, Armando Laudório. Mais cedo, porém, em outro evento, o diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, voltou a defender o deslocamento do gás para as térmicas. Fazendo coro com outras autoridades do governo, ele pediu cautela nos subsídios ao consumo de gás no País. "Não é um assunto da Aneel, mas acho que as autoridades responsáveis têm de se debruçar sobre o tema e perceber que, se aumenta o consumo de gás não térmico, aumenta a briga por um recurso que já é escasso. Talvez isso não seja bom para o País", disse, após evento sobre perdas de energia e água no Rio. Ele lembrou que o gás natural veicular (GNV) pode ser substituído por gasolina e o gás industrial, por óleo combustível. MENOS TUMULTO Já Laudório, falando para executivos em seminário da Câmara Britânica de Comércio, defendeu a tese de que é mais fácil converter "poucas térmicas" do que convencer 1,5 milhão de motoristas e diversas indústrias a voltarem aos combustíveis antigos. "É mais racional, cria menos tumulto." Segundo sua proposta, o custo extra do uso de um combustível mais caro nas térmicas seria dividido por todos os consumidores de energia do País. "Temos de pagar a conta pela falta de planejamento do setor elétrico." "Esse é um problema de cunho nacional. Se há interesse nacional, todos os Estados têm de contribuir", afirmou o presidente da distribuidora fluminense de gás CEG, Bruno Armbrust. Laudório disse que a proposta ainda não foi apresentada ao governo, uma vez que as distribuidoras não foram convocadas para discutir a crise de abastecimento de gás. Segundo suas contas, o consumo médio de uma térmica, de 600 mil metros cúbicos por dia, garantiria o abastecimento de 125 mil veículos ou 55 indústrias de médio porte. "Apenas a térmica de Santa Cruz liberaria 5 milhões de metros cúbicos por dia ao mercado, se fosse operada com óleo combustível", disse o presidente da Abegás, citando a usina de Furnas, na Baixada Fluminense, que já é bicombustível. Segundo ele, a mudança poderia ser transitória, até que a Petrobrás concluísse projetos de ampliação da capacidade de fornecimento de gás, como a importação de gás natural liquefeito (GNL) ou o início da produção de reservas no Espírito Santo. Segundo o diretor geral da Aneel, o Brasil pode precisar acionar as térmicas já em janeiro, caso a curva de segurança dos reservatórios das hidrelétricas seja ampliada, como propõe o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Ele afirmou, porém, que a questão será decidida após audiência pública com participação de todos os agentes interessados.

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