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Divergências de Levy e Barbosa vão além do Orçamento

Por Ricardo Galhardo
Atualização:

As divergências entre os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, não se resumem ao montante de cortes no Orçamento para o ajuste fiscal. Segundo fontes do governo, as discordâncias incluem também a desoneração da folha de pagamento das empresas e principalmente as mudanças no cálculo do fator previdenciário aprovadas pela Câmara. Foi por causa destas divergências, e não por conta de uma gripe, que Levy não compareceu à entrevista coletiva convocada para anunciar o contingenciamento, anteontem.O governo definiu um corte de R$ 69,9 bilhões. Levy queria um valor maior - entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões - enquanto Barbosa defendia um montante menor do que foi anunciado. Mas as discordâncias não param aí.Há cerca de duas semanas, numa reunião da coordenação política do governo, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a intervir em uma acalorada discussão entre os dois. Segundo relatos, Barbosa, apoiado por outros ministros ligados ao PT, defendeu que caso Dilma decida vetar o novo cálculo previdenciário, que reduz a idade mínima para aposentadoria, crie um mecanismo alternativo que contemple os trabalhadores e ao mesmo tempo mantenha a saúde financeira da Previdência.Já Levy foi na direção contrária. Para ele o governo deve tentar barrar o projeto no Senado. Em último caso, a presidente deve vetar o novo cálculo, sob risco de comprometer o ajuste fiscal.O ministro da Fazenda ficou isolado na discussão até que Dilma interveio. "Não vou admitir que vocês façam este debate dessa forma. Quem vai decidir sobre isso sou eu", disse a presidente, segundo testemunhas.Conforme integrantes do governo, o apoio a Levy se ampara hoje em Dilma e no vice-presidente, Michel Temer, com quem tem se reunido pelo menos duas vezes ao dia.Já os maiores focos de críticas são o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que em conversas privadas e públicas tem criticado o ajuste fiscal - e o PT, que na última semana escancarou o desconforto com o titular da Fazenda em um manifesto divulgado pelo diretório paulista. Irritado com as constantes investidas de Lula e do PT, Levy se refere com ironia ao partido. "Mas o PT é mesmo o partido do governo?", disse ele recentemente a um interlocutor.O terceiro ponto de divergência seria o projeto que reduz a desoneração da folha de pagamento das empresas. Levy reclama do Congresso, que incluiu diversos setores na lista de isenções e se queixa da postura de Barbosa. Pessoas próximas ao ministro do Planejamento negam que haja divergência neste ponto.Apesar das discordâncias, os dois trabalham como aliados em alguns casos. Um exemplo é a decisão sobre o destino da MP 664, que restringe o pagamento de benefícios previdenciários e integra o pacote de ajuste fiscal. Enquanto a área política do governo é a favor de que a base aliada protele a votação no Congresso até o dia 1o de junho, quando a MP perde a validade, a área econômica defende que as medidas sejam votadas o quanto antes.?Pede pra sair?Na etapa paulista do 5º Congresso Nacional do PT, realizada anteontem e ontem, dezenas de militantes descontentes com o ajuste fiscal pediram a saída do ministro da Fazenda. "Ei Levy, pede pra sair e leve junto o FMI (Fundo Monetário Internacional)", gritavam. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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