O cenário macroeconômico nacional não deixa dúvida ao investidor. Diversificar e correr mais riscos são estratégias essenciais para quem quer capitalizar os recursos. O movimento mais recente nesse sentido, que marcou 2020, foi a inclusão de ativos internacionais nas carteiras mais arrojadas.
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O ambiente macro, como explica o diretor da Itaú Asset Management, Carlos Augusto Salamonde, é o ponto central desta mudança na mente do investidor. Foi a queda do nível de juro básico da economia, hoje a 2% ao ano, que abriu espaço para produtos de renda variável nas carteiras e fundos mais sofisticados.
“A partir do momento em que o investidor viu que estávamos caminhando para valores muito estimulativos (de juro), começou a se perguntar como rentabilizar o portfólio e como fazê-lo de uma forma eficiente do ponto de vista de risco”, comenta Salamonde. Segundo o executivo, o investimento internacional tem um papel fundamental na resposta a essas duas perguntas, pois ele permite ao cliente rentabilidade ao investir em outras regiões do mundo e também uma proteção eficiente essencial do portfólio.
A inclusão de ativos do exterior nas carteiras, para o executivo da Itaú Asset, é um caminho sem volta. Nem mesmo a esperada alta na Selic, que pode fechar 2022 a 6% ao ano, altera a previsão. “Além de serem níveis ainda baixos se comparados ao nosso histórico, a atratividade do investimento no exterior também está ligada a outros fatores, como possibilidade de se aproveitar da retomada das economias específicas ao redor do mundo, com perspectivas melhores do que o Brasil”, diz Salamonde.
Enquanto o Brasil pode, na melhor das hipóteses, crescer 3,4% neste ano, a previsão para a China é de 8%, e para os Estados Unidos chega a 6%. O apetite maior por risco do brasileiro também pode ser medido pelo interesse em ativos do exterior sem a proteção cambial (hedge), o que era incomum no passado.
“Isso mudou quando o investidor percebeu que, em movimentos de extrema aversão a risco, como no estouro da pandemia, ter ativos com variação cambial na carteira o ajudava a reduzir o risco do portfólio. E, além disso, os clientes perceberam que um ativo com variação cambial tinha um potencial muito grande de render mais do que a taxa básica de juros”, explica o diretor da Asset do Itaú.
Ele aproveita para alertar: “[O processo] não é sem emoção. O dólar apresenta volatilidade, ou seja, a porção da carteira do investidor alocada nesse ativo oscila diariamente com a cotação da moeda, mas em momentos de estresse, quando todos os outros ativos domésticos se desvalorizam, o dólar tende a subir, protegendo a carteira como um todo”.
Nos fundos de investimentos, a procura por alocação no exterior e a oferta de novos produtos vêm chamando bastante a atenção do cliente. “A Carteira Itaú Internacional é um produto tecnológico, sofisticado e muito democrático. Ela combina várias estratégias em um único produto, gerando mais eficiência nas aplicações do investidor”, afirma Salamonde. A Carteira Itaú Internacional acumula hoje um patrimônio de R$ 30 bilhões. “A diversificação é o único almoço de graça que o mercado oferece. E o investidor está percebendo rapidamente isso.”
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Fundos permitem diversificação offshore
Um fundo de investimento já é, por natureza, um produto que possibilita ao investidor diversificar com carteiras recheadas de dezenas de ações ou mesmo moedas e títulos públicos, nos produtos multimercado.
Com a Selic rodando na casa dos 2% e o real depreciado, um produto específico desta indústria vem atraindo a atenção do investidor. São os fundos internacionais que, pela regra, destinam pelo menos 40% dos recursos a ativos de outros países.
Na Itaú Asset, o patrimônio dos fundos internacionais – levando em conta apenas os produtos com 100% de investimento no exterior – cresce 115% ao ano desde 2018, chegando aos atuais R$ 18 bilhões.
No universo dos fundos de investimentos, o Itaú oferece não só produtos da sua própria asset, como também disponibiliza fundos de outras gestoras com estratégias alocadas 100% no exterior.
O interesse do investidor nesses fundos também avança a passos largos: saltou de R$ 690 milhões, em fevereiro do ano passado, para R$ 4,93 bilhões em janeiro deste ano, uma alta de 614. “Este é um ótimo caminho para acessar grandes gestores com estratégias sofisticadas e papéis de grandes empresas globais e de setores, como software, que não temos aqui”, comenta Pedro Barbosa, managing director da área de Fund of Funds do Itaú.