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Dívida do governo em títulos bate recorde em julho

Mas o governo conseguiu reduzir a dívida de curto prazo e a parte da dívida exposta à variação cambial

Por Agencia Estado
Atualização:

A dívida pública mobiliária federal interna teve um aumento de R$ 20,57 bilhões em julho, atingindo o valor recorde de R$ 689,99 bilhões. Em junho, a dívida estava em R$ 669,42 bilhões. Esse é o terceiro mês consecutivo de crescimento da dívida pública em títulos. De acordo com os dados divulgados hoje, pelo Tesouro Nacional e o Banco Central, a elevação da dívida em julho foi decorrente, principalmente, da emissão líquida de R$ 5,5 bilhões em títulos, do impacto da depreciação cambial de 3,26% ao longo do mês e da apropriação de juros. O efeito da alta do dólar frente ao real gerou um aumento de R$ 2,9 bilhões sobre o estoque dos papéis com correção pela variação da taxa de câmbio. Parcela exposta ao câmbio cai O governo conseguiu reduzir de 29,05% para 28,55% a parcela da dívida mobiliária federal exposta à variação da taxa de câmbio de junho para julho. Esse porcentual significa que dos R$ 689,99 bilhões do estoque da dívida em títulos públicos, R$ 196,98 bilhões sofrem algum tipo de impacto da variação da taxa cambial. O Tesouro Nacional também conseguiu ampliar um pouco a participação de títulos com rentabilidade prefixada no estoque da dívida. De acordo com o documento divulgado hoje pelo Tesouro e pelo BC, esses títulos, que respondiam por 4,48% do estoque da dívida em junho, passaram a responder por 6,31% do estoque de julho. Esse patamar já está dentro da margem definida pelo Tesouro - de 5% a 15% do total - para a participação desses papéis no estoque da dívida ao longo de 2003. Pelo lado dos papéis com rentabilidade pós-fixada, a participação no estoque da dívida caiu de 51,63% para 50,65% no período. Os títulos com correção atrelada à inflação passaram de 12,83% do estoque para 12,52%. Nacionais compraram 70,03% As instituições nacionais compraram 70,03% dos títulos ofertados pelo governo ao longo de julho. Os bancos comercias foram os maiores compradores de títulos no mês passado, ficando com 33,45% do total de papéis ofertados ao mercado. A maior participação das instituições nacionais foi na compra de LFTs de 36 meses de prazo. Do volume total ofertado pelo Tesouro desses papéis, 86,09% ficaram nas mãos das instituições nacionais. A maior participação das instituições internacionais foi na oferta de LTNs de 12 meses, onde elas compraram 39,01% do total ofertado ao mercado. Dívida de curto prazo cai O governo federal conseguiu em julho reduzir um pouco mais a sua dívida mobiliária interna de curto prazo. O volume de títulos com vencimento em 12 meses caiu de 33,47%, em junho, para 31,62%, em julho, do total da dívida. Com essa queda, o estoque dívida de curto prazo (vencimento em 12 meses) caiu nesse período de R$ 224,02 bilhões para R$ 218,15 bilhões. Depois de ter sofrido um forte aumento no ano passado, devido à crise de confiança na economia brasileira, a dívida de curto prazo vem caindo desde fevereiro passado. Nota técnica sobre a dívida explica que a redução, em julho, é decorrente do fato de os resgates de títulos ocorridos no mês, no valor de R$ 33 bilhões, terem superado os vencimentos em julho de 2004, de R$ 9,3 bilhões, e a colocação de títulos com prazo inferior a 12 meses, de R$ 10,9 bilhões. A nota destaca o alongamento dos prazos da dívida atrelada à taxa Selic como resultado dos leilões de troca de LFT por títulos com prazo superior a 12 meses, no valor de R$ 5,3 bilhões. Também contribuíram para o alongamento as novas emissões de LFT com vencimentos a partir de 2005. Emissão líquida de US$ 5,492 bi As operações com títulos feitas pelo Tesouro Nacional e o Banco Central ao longo do mês de julho geraram uma emissão líquida de R$ 5,492 bilhões. O Tesouro resgatou no mês passado R$ 30,582 bilhões em títulos que estavam no mercado. As emissões, por sua vez, somaram R$ 38,488 bilhões, gerando portanto uma colocação líquida de títulos de R$ 7,907 bilhões. No caso do Banco Central, o resgate de papéis no mercado somou R$ 2,414 bilhões. Dos R$ 32,996 bilhões de títulos resgatados pelo Tesouro e pelo BC em julho, R$ 27,7 bilhões eram referentes aos vencimentos do próprio mês e os R$ 5,3 bilhões restantes, referentes as operações de trocas de LFTs com vencimento em dezembro, por outros títulos pós-fixados com vencimentos em 2005, 2006 e 2007. Na avaliação dos técnicos do Tesouro, o grande destaque das emissões feitas em julho foi a colocação de R$ 12,8 bilhões em papéis prefixados. Em junho, a emissão desse tipo de papel havia atingido R$ 7,9 bilhões. Prazo médio O prazo médio do estoque da dívida mobiliária do governo caiu de 31,94 meses para 31,77 meses em julho. A colocação mais forte de títulos prefixados ao longo do mês passado, explica essa queda no prazo médio, já que os papéis com rentabilidade prefixada têm um vencimento menor do que os papéis pós-fixados. Segundo os técnicos do Tesouro Nacional e do Banco Central, da mesma forma, houve uma queda no prazo médio das emissões realizadas durante o mês de julho, passando de 25,76 meses para 22,52 meses.

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